O prédio mais emblemático do centro comercial de Salvador e um dos mais icônicos da cidade completa 35 anos neste sábado (28). A Casa do Comércio Deraldo Motta, que abriga as sedes administrativas do Senac, Sesc e Fecomércio Bahia, foi o primeiro edifício do estado a associar o concreto, ao alumínio e ao vidro e é símbolo da arquitetura de vanguarda. Hoje, o teatro localizado dentro da edificação passa por reformas para se tornar mais moderno.
O projeto original foi assinado pelos arquitetos Jáder Tavares, Otto Gomes e Fernando Frank e levou um ano e meio para ser planejado. Até que saísse do papel e finalmente marcasse a cidade, foram mais seis anos. A ideia, ainda no início dos anos 80, era que a Casa do Comércio representasse a espinha dorsal do desenvolvimento da cidade na região que se tornava mais importante economicamente.
Kelsor Fernandes, presidente da Fecomércio-BA, acredita que a edificação mantenha sua função até hoje. “Muitos prédios foram construídos ao redor, mas nenhum chegou nem perto de concorrer, em termos de arquitetura, com ele. O edifício foi feito de forma especial e continua sendo atual até hoje”, afirma.
A edificação levou um ano e meio para ser planejada e cerca de seis anos para ficar pronta (Foto: César Vilas Boas/Divulgação Fecomércio) |
O presidente lembra que o Teatro Sesc Casa do Comércio, que possui capacidade para 546 lugares, passa por reformas. “Temos o segundo maior teatro da Bahia e estamos fazendo reformas para torná-lo ainda mais atual”, explica.
Para o arquiteto e professor de História da Arquitetura, Ernesto Carvalho, um dos diferenciais da construção é a dificuldade em enquadrá-la em somente um estilo. “A beleza e a provocação que o prédio é justamente essa. Ele é pós-moderno e high-tech para a época, mas também é desconstrutivista”, analisa.
O professor enxerga que, em meio a uma paisagem padronizada, a Casa do Comércio segue sendo um símbolo da cidade. “Ele quebra o conceito do edifício como uma caixa e traz ideias inovadoras […] É um edifício muito interessante em uma paisagem que tende a ficar cada vez mais monótona”, diz.
Em entrevista concedida ao CORREIO quando o edifício completou 30 anos, o arquiteto Otto Gomes, que participou do projeto, caracterizou a Casa do Comércio como “ciência exata em forma de arquitetura”.
“O prédio representa o quanto a exatidão é bonita. Montamos a Casa do Comércio de cima para baixo”, rememorou.
Dizeres de Deraldo Motta, presidente que na época foi responsável por erguer o prédio, estão imortalizados em uma placa instalada na frente da Casa do Comércio. “Menos pelo inusitado projeto arquitetônico que se implanta como referência perene da cidade, mas, sobretudo pela filosofia de suas atividades – cultura, lazer, turismo, pesquisa, um centro de estudos socioeconômicos, uma empresa pedagógica, embrião de uma universidade para o trabalho, voltada para o Nordeste, na busca da superação das distorções inter-regionais”. Deraldo morreu em julho de 1986, antes da conclusão das obras do prédio
*Com orientação de Fernanda Varela.