Presidente considerou que a atual marca de 13,75% nos juros dificulta o crescimento do país; Comitê de Política Monetária (Copom) justificou a manutenção da taxa pela incerteza fiscal e a aumento na expectativa de inflação
ALEXANDRE BRUM/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO – 06/02/2023
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a cerimônia de posse de Aloizio Mercadante na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou na manhã segunda-feira, 6, da cerimônia de posse de Aloizio Mercadante como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e afirmou, em seu discurso, que não existe justificativa para que o Banco Central (BC) mantenha a atual taxa de juros em 13,75% ao ano. Segundo o mandatário, a medida “é uma vergonha” que deveria mobilizar o povo brasileiro. “É só ver a carta do Comitê de Política Monetária (Copom) para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira”, disse. O petista, inclusive, voltou a realizar um paralelo com a época em que o BC não era independente e reforçou o pedido para que os empresários se unissem a fim de protestar contra a alta na taxa. “Quando o Banco Central era dependente de mim, todo mundo reclamava. O único dia em que a Fiesp falava era quando aumentava os juros. No meu tempo, 10% eram muito, hoje, 13,5% é pouco. Se a classe empresarial não se manifestar, se as pessoas acharem que vocês estão felizes com 13,5%, sinceramente, eles não vão baixar juros, e nós precisamos ter noção. E não é o Lula que vai brigar, não. Quem tem que brigar é a sociedade brasileira”, ressaltou. Aos questionamentos de que não deveria se manifestar a respeito de políticas monetárias, Lula disse que é sua função como presidente da República a de se manifestar. “Quem eu vou querer que fale por mim? O catador de material reciclável?”, questionou. Junto do chefe do Executivo federal, participaram do evento o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB); e os chefes das pastas da Casa Civil, com Rui Costa; da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Ester Dweck; além da Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.