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Papa Chico convoca Che Guevara e Jesus

Começa hoje, Quarta-feira de Cinzas, a Quaresma, momento de lançamento, pela Igreja, da Campanha “Fraternidade e Fome”, uma bela contribuição para reduzir o número de famélicos. Tempo de arrependimento para quem torce por genocida.

O Papa Francisco deu aula, na missa da Praça de São Pedro, no Vaticano, sobre a importância de estarmos ao lado dos crucificados, como sempre esteve e estará esta coluna verdadeiramente cristã.

No grupo estimado de 33 milhões de brasileiras e brasileiros sem saberem se vão comer, a cada aurora, não se pode esquecer os jogadores e ex-jogadores, em mercado de trabalho cruelmente desidratado.

Desde o golpe neoliberal de 1987, quando os fortes ficaram mais fortes, por terem supostamente as maiores torcidas (assim se ganha mais dinheiro), o desemprego em massa provocou desalento e destruição de famílias.

Esta parte não sai no telejornal, pois só celebridades e vultosas negociações são noticiadas (“Framengo x Parmêra”), bem como a obsessão-compulsão por cifras obscenas anunciadas por casas de apostas e investidores espertos.

Até o golpe da Copa “União” (união deles), os campeonatos estaduais – rentáveis – empregavam treinadores, preparadores físicos, supervisores, massagistas, roupeiros e um sem-número de trabalhadores, fora as baianas de acarajé e afins.

Não apenas clubes de maior torcida, mas os médios tradicionais – em Salvador, Galícia, Ypiranga, Leônico, Botafogo…; no interior, Flu de Feira, Conquista, Jequié, Itabuna, Ilhéus, todos pagavam suas folhas.

Lances de encher os olhos, bilheteria farta, não só nos Ba-Vis, também com rodadas duplas de outros times. As revelações jorravam e o talento dizia se o cabra era craque, e não o empresário e seus papagaios.

Campeonatos empolgantes, de oito, e até nove meses, hoje viraram minguados “torneios”, transformados em “champions league” pelo intenso bombardeio ideológico-garganteiro.

Vamos dar a real: o censo mais recente dá conta de oito entre dez jogadores ganhando salário mínimo; até 5 mil reais, um entre 10 jogadores; no outro extremo, 0,00001% fatura R$ 500 mil ou mais.

Famílias de jogadores passam fome, os contratos são de três meses, e ainda há quem tome “birro”. Regredimos ao amadorismo com jogador trabalhando de uber e até ordenhando vaca para “intérar” a feirinha miada.

O golpe neoliberal enxugou mercado de 5 mil clubes para menos de cem, e olha lá quantos desses são clubes de fachada para negociatas.

De vez em quando, talvez por falta de pauta, uma ou outra repórter produz conteúdo profissional sobre jogadores comendo bolacha maisena, ainda assim sob risco de demissão se o time não ganhar.

O futebol já deveria ter migrado da página de esporte para economia ou polícia (não sei se ainda existe): o empresário é a fonte, o jogador, “ruína”, é mercadoria. Manda quem pode e envia o “faz-me-rir” em saco de pão a fim de garantir a fraude.

A seleção, um dia chamada “Brasileira”, é uma vitrine. O manto, coitado, virou símbolo de terrorismo: acreditem, o volume das ruínas exportadas para o exterior já passa de 40% de toda a produção comercializada do país!

Socorro, querido Francisco, manda Jesus voltar logo e pede para Che Guevara ir pro aquecimento, Jah!

Paulo Leandro é jornalista e professor doutor em Cultura e Sociedade.

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