O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) protocolou, nesta quinta-feira (2/3), um projeto de resolução que regulamenta empréstimos do BNDES a países estrangeiros. A proposta prevê que as operações de crédito à exportação de valor superior a US$ 100 milhões sejam previamente avalizadas pelo Senado Federal.
O parlamentar defende que a mudança busca evitar episódios recentes nos governos petistas, em que montantes foram concedidos para Venezuela, Cuba e alguns países da África sem qualquer perspectiva de retorno.
Nas palavras do senador, a proposta quer evitar que o BNDES fique exposto a “repetir decisões do passado que levaram o Brasil a amargar calotes bilionários”.
“Entre as funções do Senado está a de fiscalizar e esse projeto quer apenas isso: fiscalizar e avaliar operações de crédito do BNDES para evitar prejuízos ao país. Eu sei que o governo vai chiar e deve ser totalmente contra um mecanismo que aumenta a transparência e dá mais segurança, mas vamos lutar até o fim para garantir que os nossos escassos recursos públicos tenham uma destinação correta ao invés do bolso de uns poucos espertalhões”, defende o filho 01 do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula quer retomar empréstimosEm janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o banco nacional voltará a financiar projetos de países vizinhos. A declaração de Lula se une à “caixa-preta do BNDES”, uma extensa auditoria feita em 2020 que não encontrou irregularidades no banco relacionadas a Cuba.
A “caixa-preta do BNDES” era uma das promessas de campanha do então candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PL), em 2018. O objetivo era encontrar irregularidades em empréstimos destinados a países “comunistas”, como Cuba e Venezuela.
Entretanto, apesar de não haver indícios de fraudes ou irregularidades, a fala também leva ao polêmico Porto de Mariel, em Cuba. Gustavo Montezano, ex-presidente do BNDES durante a gestão Bolsonaro, afirmou em entrevista ao Canal Livre, da TV Bandeirantes, neste ano, que a construção do porto não acarretou em prejuízo ao banco, mas salientou que o Brasil recebeu charutos como garantia do empréstimo feito a Cuba.