Juscelino Filho foi acusado de utilizar aeronaves da Força Aérea Brasileira e de receber recursos relacionados a hospedagens para participar de leilões de cavalos e eventos fora das agendas oficiais
Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Ministro das Comunicações do governo Lula se defendeu das supostas irregularidades cometidas em diárias e voos oficiais
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), utilizou as suas redes sociais nesta segunda-feira, 6, para se justificar sobre as acusações de que teria utilizado aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) em viagens oficiais, além de recursos relacionados à hospedagens, para ir a eventos de cunho particular como leilões de cavalos. Em um vídeo publicado em seu Instagram e Facebook, o político ressalta que não há irregularidades nas viagens realizadas como ministro e afirmou que as acusações são “ataques distorcidos” contra sua pessoa. Em uma viagem realizada ao Maranhão, Juscelino recebeu R$ 3 mil referente a diárias para permanecer no local e poder visitar pessoalmente a Superintendência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). “Sobre as diárias, o que aconteceu foi que o sistema gerou automaticamente as diárias para todo o período. Um erro de sistema, sem diferenciar o final de semana. Devolvi as diárias assim que soube, ainda no dia 19 de janeiro”, ressaltou após dizer que a devolutiva já encontra-se disponível no Portal da Transparência.
Em seu Twitter, o ministro publicou um comprovante de pagamento em que realiza uma transferência para a União no dia em questão. “Isso foi um mês antes de surgir qualquer matéria na imprensa sobre isso”, disse o ministro. Em relação à viagem de Juscelino à São Paulo no período entre 26 a 30 de janeiro, período o qual Juscelino teria participado de três eventos dedicados à cavalos de raça, o político maranhense se justificou dizendo que sua viagem se deu para participar de reuniões com a diretoria da operadora Claro, com gerências regionais da Telebrás e da Anatel, além da montadora BYD. “Fui, sim, de voo oficial porque estava indo a uma agenda oficial. E o meu retorno se deu em um voo da FAB compartilhado solicitado de outro ministério”, disse. Sobre as diárias, Juscelino afirmou que “aconteceu algo muito parecido com a situação da viagem ao Maranhão”. Por fim, o político ressaltou que seu patrimônio, alvo de questionamentos, foram declarados em seu Imposto de Renda e que a Receita Federal aprovou as declarações.
“Isso é uma injusta distorção dos fatos, estou à disposição das autoridades para tratar de tudo que está sobre minha responsabilidade, mas é inaceitável que me envolvam com atos de terceiros, sou ficha limpa e não respondo a nenhum processo e é importante deixar isso bem claro”, finalizou o ministro. Acusado de ocultação de patrimônio e de uso de orçamento público para benefício próprio, Juscelino também foi alvo de críticas por parte da presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), que divulgou uma nota em que pedia o afastamento do político das funções de chefe da pasta ministerial. Acho que o ministro devia pedir um afastamento para poder explicar, justificar, se for justificável o que ele fez. Isso impede o constrangimento de parte a parte”, afirmou a mandatária em entrevista ao portal Metrópoles.
Em resposta a bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados e no Senado Federal rebateu a fala da petista e lamentou a utilização de “dois pesos e duas medidas para tratar de assuntos inerentes à vida pública”. Assinado, pelos líderes Elmar Nascimento, na Câmara; e Efraim Filho, no Senado, a nota relembra casos antigos de irregularidades cometidos pelo Partido dos Trabalhadores. “Quando atitudes dos seus aliados são contestadas –e não faltaram acusações a membros do PT na história recente do país –a parlamentar prega o direito de defesa. Quando a situação se inverte, prefere fazer pré-julgamentos”, afirmou a bancada. É esperado que Juscelino FIlho tenha uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda nesta segunda-feira, para que o político possa se justificar e explicar a sua versão dos acontecimentos.