São Paulo – Aliados próximos do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), esperam pouco ou nenhum engajamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha do deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP) para a Prefeitura de São Paulo em 2024, mesmo após o petista se comprometer a apoiar o psolista na disputa.
Ouvidos reservadamente pelo Metrópoles, correligionários de Nunes acreditam que Lula não deve viajar de Brasília até a capital paulista para subir no palanque de Boulos na campanha do ano que vem, embora mantenha o combinado de apoiá-lo nas eleições municipais. Uma eventual “neutralidade” de Lula, que costuma ser um influente cabo eleitoral, seria um triunfo político para o prefeito da capital.
Costurado no ano passado, o acordo entre Boulos e o PT levou o psolista a retirar sua pré-candidatura ao governo paulista para integrar o palanque lulista em São Paulo. Com isso, ele deixou Fernando Haddad (PT), hoje ministro da Fazenda, como o principal candidato da esquerda ao Palácio dos Bandeirantes. Em troca, o PT se comprometeu a apoiar a candidatura de Boulos à Prefeitura no ano que vem.
RepetecoA expectativa dos aliados de Nunes é a de que Lula adote uma estratégia similar ao que fez nas eleições municipais de 2008, durante seu segundo mandato, quando contava com uma base aliada de 16 partidos no Congresso. Na ocasião, ele evitou palanques em locais onde o PT enfrentou candidaturas de siglas que integravam a base do governo.
Embora dirigentes do MDB paulista tenham pregado independência em relação ao governo Lula, o partido comanda atualmente três ministérios no governo, com os ministros Jader Filho (Cidades), Renan Filho (Transportes) e Simone Tebet (Planejamento).
Alguns entendem que a necessidade de articulação política de Lula pode levá-lo a apoiar Boulos de forma mais distante, sem um engajamento direto na campanha, para evitar rusgas com o MDB.
Ricardo Nunes, prefeito de São PauloForça do PTOutros afirmam que não é do interesse do PT, enquanto partido, conceder força política a um candidato de sigla diferente, já que o próprio PT tem encontrado dificuldades para emplacar um nome de peso nas disputas em São Paulo.
Eles avaliam ainda ser fresca na memória dos petistas a derrota de Jilmar Tatto, hoje secretário de Comunicação do PT, nas eleições municipais de 2020. Naquele ano, Tatto terminou a disputa em sexto lugar, recebendo apenas 8,55% dos votos. Boulos, por outro lado, recebeu 20,24% dos votos e avançou ao segundo turno contra Bruno Covas (PSDB).
Mesmo derrotado por Covas, Boulos saiu fortalecido na avaliação dos aliados de Nunes: a diferença para o tucano foi de 1 milhão de votos em uma cidade com mais de 8 milhões de eleitores. Dois anos depois, o psolista foi o deputado federal mais votado do estado e o segundo do país, com mais de 1 milhão de votos.