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Lula banca Padilha após críticas do Congresso à articulação política do governo federal

Deputados e senadores da base aliada se mostram descontentes com o ministro e atribuem a ele derrota expressiva do governo na Câmara, mas presidente afirma que não o demitirá ‘em hipótese nenhuma’

Ricardo Stuckert/PR/Divulgação

Lula foi a Londres para assistir à coroação do rei Charles III

A recente derrota do governo federal em votação na Câmara dos Deputados sobre o saneamento básico expôs feridas, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descartou curá-las com a cabeça de Alexandre Padilha, seu ministro das Relações Institucionais. É atribuída a ele a derrubada de um decreto do Palácio do Planalto que mudava trechos do marco do saneamento. O que era ouvido nos corredores do Congresso ficou evidente quando Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, criticou Padilha em entrevista ao “Globo”. “Um sujeito fino e educado, mas que tem tido dificuldades. Não tem se refletido em uma relação de satisfação boa. Talvez a turma precise descentralizar mais, confiar mais”, declarou Lira. “Trabalho para dar tranquilidade ao Brasil. Poderia ter sido eleito presidente da Câmara sem o PT, mas aceitei o apoio e não vou sacanear o governo. Mas o presidente da Câmara não é um agregado, ele é um parceiro.” De Londres, para onde foi por causa da coroação do rei Charles III, Lula respondeu: “Em hipótese nenhuma [eu vou trocar]. O Padilha é o que o país tem de melhor na articulação política.”

Lula, no entanto, reconheceu que a relação entre o Palácio do Planalto e o Congresso precisa melhorar. “O fato de você muitas vezes acertar ou errar, nós temos que pensar o que aconteceu. Quando você faz um acordo com a Câmara ou o Senado sobre a aprovação de uma medida, tem que cumprir”, disse o presidente. “Do que estão se queixando os deputados? De que o governo tarda a atender as reivindicações. O cara quer participar de um ministério, tem um funcionário que ele indicou e é tecnicamente competente. Se você concorda com ele e prometeu, tem que fazer”, reforçou.

Se Padilha ganhou elogios, o corpo ministerial tomou mais um pito público do chefe do Executivo. O presidente culpa seus assessores pela falta de entregas do governo, o que tem refletido em queda de popularidade. “Nós vamos lançar, até o fim do mês, todos os projetos de infraestrutura. Em educação, até o fim do mandato. Vai ficar proibido ministro ter ideias. Os ministros têm que trabalhar para executar o que nós já decidimos, senão todo mundo tem uma ideia todo dia e essa ideia não é colocada em prática. E o governo tem que ser menos teórico e mais prático, porque é isso que o povo deseja”, declarou Lula. “Eu digo sempre para os nossos ministros: tudo o que você trata e não cumpre fica muito mais caro depois.” O petista já deixou a capital inglesa, deve desembarcar no Brasil na madrugada deste domingo. Ele já confidenciou a aliados que será mais ativo na articulação política a partir de agora.

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