O ex-ministro da Justiça Anderson Torres negou, em depoimento à Polícia Federal, que tenha interferido na operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) responsável pela blitz de ônibus que transportavam eleitores do agora presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições presidenciais, em outubro de 2022. Segundo a defesa de Torres, preso desde 14 de janeiro, por suspeita de omissão nos atos do 8 de janeiro, o ex-secretário confirmou que recebeu da ex-diretora de inteligência da pasta, Marília Alencar, um levantamento sobre o resultado do primeiro turno do pleito. Apesar disso, afirmam os advogados, o documento não foi compartilhado com a PRF. “Anderson jamais interferiu nos planejamentos operacionais da PF/PRF”, diz a defesa.
Ainda segundo os representantes de Anderson Torres, ouvido nesta segunda-feira, 8, especificamente sobre a operação da PRF na eleição presidencial, a ideia de viagem à Bahia partiu do diretor-geral da Polícia Federal, que teria convidado o ex-ministro do governo Bolsonaro a visitar a obra da Superintendência da PF no Estado. A defesa de Torres diz, ainda, que não houve nenhum tipo de “determinação” para atuação conjunta entre os policiais federais e rodoviários federais. “A única preocupação de Anderson era o combate aos crimes eleitorais, independentemente de candidato ou partido”, dizem.
Em nota, a defesa do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal também afirmam que a oitiva, que durou cerca de duas horas, ocorreu “dentro da normalidade”. De acordo com os advogados, Torres “mantém a postura de cooperar com as investigações, uma vez que é o principal interessado no rápido esclarecimento dos fatos e acredita que a verdade prevalecerá”. “A defesa reitera que as manifestações serão feitas nos autos”, concluem. O depoimento foi colhido nesta segunda-feira, 8, após um adiamento em razão do estado de saúde de Anderson Torres. A oitiva foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após o governo do Distrito Federal descartar transferir o ex-ministro do governo Bolsonaro para o hospital penitenciário. Neste fim de semana, um grupo de 38 senadores visitou o ex-secretário na prisão, autorizados pelo STF. Na semana passada, o ministro negou pedido da defesa para transferi-lo para um hospital penitenciário. Anderson Torres está preso desde 14 de janeiro, por suspeita de omissão nos atos do 8 de Janeiro.