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Turnê com formação clássica dos Titãs chega a Salvador

Quando os Titãs anunciaram a turnê Encontro – Todos ao Mesmo Tempo Agora, muita gente ficou com um pé atrás, porque tem muito reencontro de bandas por aí que não passa de caça-níqueis para encher os bolsos de músicos decadentes que fizeram sucesso no passado e querem mais uma graninha para aproveitar melhor a aposentadoria.

Os músicos paulistas, claro, estão longe de se aposentar e a banda, embora tenha hoje apenas três integrantes da formação original – Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto -, continua lançando álbuns e fazendo shows pelo país. Mas será que, com os sete no palco, vai ter a mesma química de 30 anos atrás, quando fizeram shows juntos pela última vez?

A julgar pelas impressões dos que viram os shows em outras cidades, o que se vê no palco está longe de ser um espetáculo puro e simples de nostalgia. E agora é a vez dos fãs soteropolitanos aproveitarem a apresentação, que chega à Fonte Nova neste sábado (27). Além dos três integrantes atuais, estão na turnê Arnaldo Antunes, Nando Reis, Charles Gavin e Paulo Miklos. Marcelo Fromer morreu em 2001 e o produtor e guitarrista Liminha está no lugar dele. A filha de Fromer, Alice, também faz participação especial. 

O jornalista especializado em música e escritor carioca Luiz Felipe Carneiro, que assistiu ao show que abriu a turnê, no Rio de Janeiro, no dia 27 de abril, saiu muito bem impressionado.

“Quando vamos a essas reuniões, às vezes fica uma sensação nostálgica, como aconteceu com o Black Sabbath, por exemplo. Mas com os Titãs foi diferente! Vi um show deles em 1992, com a formação completa. A impressão que tenho é que, se eu tivesse entrado em coma depois dali e acordasse no show atual, teria a sensação de que a banda continua a mesma. Com a mesma força, a mesma garra de sempre”, diz Luiz, que tem 43 anos e é autor de livros como Rock in Rio – A História.

Para o escritor, todos os músicos estão muito bem, inclusive Branco Mello, que passou por cirurgia próximo às cordas vocais em razão de um câncer. O oitavo titã desta turnê, Liminha, substitui Fromer com todos os méritos, segundo o jornalista: “Liminha é também um titã, sem dúvida. E ele já tinha costume de se apresentar com a banda, como fez no Rock in Rio de 1991. Então, a escolha de alguém para o lugar de Fromer não podia ser mais perfeita”.

Vale acrescentar que Liminha foi produtor de alguns dos álbuns mais importantes da banda e que, provavelmente, são os melhores do octeto paulista. Ele dividiu a produção de Cabeça Dinossauro (1986) com Pena Schmidt e Vitor Farias. Também tocou percussão e guitarra no mesmo disco. Depois, produziu Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987), Go Back (1988) e Õ Blésq Blom (1989). 

E é justamente dessa safra que saiu a maior parte das canções que estão no repertório deste sábado. São clássicos como O Pulso, Igreja, Família, Miséria, Comida e por aí vai. Tem também canções do Acústico MTV e dos primeiros discos, como Televisão e Sonífera Ilha. Essa segunda, vale ressaltar, estourou nas rádios e deu projeção nacional à banda. E conquistou gente como o músico e compositor baiano Jarbas Bittencourt, 51 anos, que logo se tornaria fã da banda.

Jarbas estava entrando na adolescência quando a música fez sucesso, em 1984.

“Ali, já tinha um fascínio para mim, porque era algo muito radifônico, popular, mas tinha uma informação esquisita que eu gostava. Anos depois, entendi aqueles vocais, o sintetizador… tinha algo fora da curva ali”, revela Jarbas.

Ele foi um dos que tiveram a sorte de ver a turnê de Cabeça Dinossauro em Salvador, no circo Troca de Segredos, quando tinha em torno de 15 anos. “Cheguei cedo e fui para a frente do palco. Tinha duas torres de iluminação, os punks subiam ali e parecia que as torres iam cair”, lembra-se. 

Assustado, Jarbas foi chegando para o lado e, quando se deu conta, estava quase nas coxias. “Ninguém me impediu e acabei ficando no backstage. Foi fascinante. Lembro bem que Arnaldo saiu do palco quando tocava Igreja”, lembra-se. Arnaldo costumava deixar o palco nesse momento porque a canção, uma crítica pesada à igreja, não o deixava confortável.

No show seguinte, do álbum Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas, Jarbas foi à Concha Acústica e ficou impressionado com o figurino da banda, que, durante a apresentação dava a impressão de ser rasgado. “As roupas iam se desfazendo. A sensação era de que a energia era tanta que a roupa se rasgava. Mas, hoje, entendo que era um figurino preparado para aquilo, que provavelmente usava velcro ou algo assim”, diz Jarbas, que trabalha também com teatro e hoje conhece um pouco das técnicas de figurino.

No sábado, ele estará acompanhado do filho Gabriel, de 23 anos, e de familiares. Gabriel também gosta muito da banda segundo o pai, mas parece ser mais exigente. “Eu sou mais condescendente, por exemplo, com as baladas e com as produções dos últimos anos, que eu gosto. Recentemente, estávamos discutindo sobre qual seria o melhor álbum deles. E, nisso, chegamos a um consenso: Cabeça Dinossauro!”.

SERVIÇO
Titãs Encontro – Todos ao Mesmo Tempo Agora
Quando: Sábado, 27, 20h
Ingressos: 
Pista Vip: R$ 280 (inteira) | R$ 140 (meia estudante, PCD e idoso) | R$ 168 (ingressos social)
Pista Flores: R$ 180 (inteira) | R$ 90 (meia estudante, PCD e idoso) | R$ 108 (ingresso social)
À venda em www.eventim.com.br
 

Gustavo Nery, administrador, 48 anos, fã da banda, também fala de sua expectativa para o show:

“Vivi bem a ascensão do rock nos anos 80, curtia muito Paralamas, Capital, Ira e Titãs. Fui a alguns shows na Concha, mas teve um que marcou especialmente, que foi no Parque de Exposições, por volta de 1997, da turnê do Acústico MTV, um de meus álbuns favoritos. Ouvia também os outros discos, mas não tinha todos. Agora, com as plataformas, os ouço mais. Não sei quais são as músicas do show de sábado, preferi não ver a lista. Peguei o ingresso assim que abriram as vendas, no ano passado e escolhi ficar na pista, porque tive uma experiência frustrante em camarote, quando fui para o show do A-Ha. Ficou longe e o som tava bem ruim. Tem três músicas que quero muito ouvir: Família, Marvin e O Pulso.”

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