Rui Costa (PT), ministro da Casa Civil e ex-governador da Bahia (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil) |
Mais uma derrota
O senador Jaques Wagner e o ministro Rui Costa atuaram intensamente para evitar que o deputado federal Arthur Maia (União Brasil) fosse eleito presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, inclusive com acompanhamento direto do presidente Lula. Na articulação, a dupla de petistas baianos tentou convencer o senador Eduardo Braga (MDB-AM) a enfrentar Maia na disputa pelo comando da CPMI. Contudo, lideranças do União Brasil no Congresso, como o senador Davi Alcolumbre e o deputado Elmar Nascimento, entraram em cena e impuseram mais uma derrota ao governo.
Na conta da Bahia
Esse é mais um capítulo no desgaste da relação entre o governo e o União Brasil. No início do mês, a Câmara dos Deputados já havia derrubado mudanças feitas pelo Executivo no marco do saneamento, cujo principal interessado nas alterações era o ministro Rui Costa, por conta de interesses da Embasa em Salvador. Agora, mais uma vez o governo sofre uma derrota. O que se comenta no Congresso é que o presidente Lula tem perdido e se desgastado devido à insistência de seus liderados em querer continuar brigando na e com a Bahia. Mais uma derrota e os petistas baianos já podem pedir música no Fantástico.
Passado fora dos trilhos
O acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU), apontando indícios de superfaturamento milionário nas obras do metrô de Salvador, acendeu a luz de preocupação no núcleo do governo baiano esta semana. O modal foi o carro chefe da campanha de 2018 para a reeleição do então governador Rui Costa (PT), hoje ministro da Casa Civil, em quem pode respingar eventuais desdobramentos da operação que está em curso. A batata quente, por ora, está com a Companhia de Transportes do Estado da Bahia (CTB), a quem o TCU deu prazo de 90 dias para colocar as coisas em pratos limpos. A lista de suspeitas formulada pelos ministros do TCU inclui “Superfaturamentos quantitativos – Análise Engevix/UFC”, “saldo do adiantamento contratual” e “medições a serem estornadas”.
Para colocar nos trilhos
Depois da manifestação do TCU, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) também vai revisitar os contratos do Governo da Bahia com o consórcio Metrosal, responsável pelo trecho do Tramo II, que liga as estações Acesso Norte e Pirajá. A nova análise do TCE atende a um pedido do bloco de oposição na Assembleia Legislativa para que sejam esclarecidos os descaminhos numéricos que levaram o TCU a determinar a devolução de R$ 113 milhões aos cofres públicos federais. Além do TCE, o Ministério Público de Contas foi acionado para acompanhar cada detalhe da operação.
Acabou a lua de mel I
A insatisfação de deputados estaduais com o governador Jerônimo Rodrigues (PT) avançou mais um degrau esta semana, com novas reclamações públicas e até retaliações no plenário da Assembleia. A demonstração mais evidente veio na votação do projeto do Executivo que reajustou em até 8% os valores do Planserv para os servidores públicos, quando os governistas sequer formaram quórum mínimo de 32 parlamentares exigidos pelo regimento interno para que a matéria pudesse ser apreciada. Da bancada de 42, apenas 31 compareceram, e mesmo assim os assessores da liderança da maioria tiveram trabalho para preservá-los no plenário. Alguns diziam que não votariam nada até que seus pedidos fossem contemplados. As principais resistências vieram do PP, cujo apetite por cargos ainda não parece ter sido saciado.
Acabou a lua de mel II
Mas houve também fogo amigo vindo do próprio PT, e de uma forma inusitada. Enquanto se preparava para discursar na tribuna, Euclides Fernandes resmungou com o líder do governo, Rosemberg Pinto (PT), que não gostou nada da partilha inicial de cargos em Juazeiro e deixou uma ameaça no ar: “Querem que eu pegue meu pessoal e coloque em outro candidato lá. E a distribuição [dos cargos] é do presidente do PT”. A conversa indigesta ao pé de ouvido acabou sendo captada pelos microfones da Casa e expôs o clima nada amistoso do novo governo com sua bancada. Ao que parece, a lua de mel e os afagos já ficaram no passado.
Fogo amigo
Nos corredores da Alba, parlamentares avaliam, em conversas reservadas, que a administração de Jerônimo está empacada e que o governador tem se preocupado mais com a política do que com a gestão. Eles dizem que Jerônimo não demonstra preocupação com os índices negativos do estado que, sim, foram herdados por seus antecessores – Jaques Wagner e Rui Costa -, mas que seguem piorando, a exemplo do recente dado de que a Bahia tem a maioria da população vivendo em situação de pobreza. Enquanto isso, em conversas com aliados mais próximos, Jerônimo tem dito que quer um foco especial nas eleições de 2024 em Salvador e nas grandes cidades do
estado.
Acabou o amor
Um certo vereador de Salvador, antes fã de carteirinha do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), anda agora soltando cobras e lagartos contra o ex-presidente da Câmara da capital baiana. Se antes fazia juras de amor e lealdade, agora não poupa críticas ao vice-governador, a quem acusa de não cumprir o que promete e de abandonar aliados. Verdade ou não, o tal vereador esperava algum cargo no primeiro ou segundo escalão na gestão de Jerônimo, mas até agora ficou a ver navios. E o pior: sem previsão de que a situação mude.
Porta fechada
Um grupo de vereadores de um município do interior pediu a intervenção de um deputado para discutir com a secretária estadual da Saúde, Roberta Santana, a situação do hospital local, que anda sobrecarregado e não consegue atender à fila da regulação da região. Contudo, há mais de um mês o caso segue sem resposta.
O preço da contradição
O governador Jerônimo começa a sofrer uma pressão interna para derrubar o contingenciamento que seu antecessor Rui Costa (PT) colocou sobre o orçamento das universidades estaduais nos últimos anos. Os bloqueios aconteceram enquanto Jerônimo era secretário de Educação entre 2019 e 2022, mas que agora enquanto dono da caneta ele não tem desculpas para manter o arrocho sobre o caixa das instituições.
Mais uma para a conta
Com uma lista extensa de denúncias, o deputado federal Ricardo Maia (MDB) entrou na mira do Ministério Público estadual, que abriu um inquérito para investigar possível prática de improbidade administrativa no período em que foi prefeito de Ribeira do Pombal. A suposta irregularidade foi cometida devido à contratação de um escritório de advocacia por inexigibilidade de licitação sem justificativa. Maia chegou a ficar inelegível por ter tido contas reprovadas pelo TCU, mas conseguiu decisão favorável próximo da eleição.