Ex-presidente corre o risco de ficar inelegível; estratégia da defesa é aproveitar possível pedido de vista e recesso do Judiciário para articular com o tribunal
ANDRé RIBEIRO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
O presidente Jair Bolsonaro será julgado no dia 22 de junho pelo TSE, em ação apresentada pelo PDT
Jair Bolsonaro e sua defesa articulam com o ministro Kássio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF) — e agora também integrante do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) —, um pedido de vista no julgamento na Corte Eleitoral que irá decidir se Bolsonaro perderá seus direitos políticos por oito anos. As informações são do repórter Bruno Pinheiro, da Jovem Pan News. O julgamento está marcado para o próximo dia 22, em ação apresentada pelo PDT, e irá analisar a conduta do ex-presidente em reunião com embaixadores na qual ele criticou as urnas eletrônicas. Bolsonaro é acusado de abuso de poder político, com desvio de finalidade, e uso indevido dos meios de comunicação e abuso, já que a reunião foi transmitida pelos canais oficiais do governo.
A estratégia da defesa de Bolsonaro, caso Nunes Marques se comprometa a ajudar no julgamento, é aproveitar o prazo de 60 dias estabelecido pelo pedido de vista, além do período de recesso do judiciário, marcado para julho. Com isso, o ex-presidente ganharia mais três meses para trabalhar sua defesa e articular com o restante da corte do TSE um resultado que não o torne inelegível. Nunes Marque foi um dos ministros indicados por Bolsonaro a uma vaga no STF durante o seu governo. Em parecer assinado em abril pelo vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet Branco, o Ministério Público Eleitoral (MPE) se manifestou a favor da inelegibilidade do ex-presidente, entendendo que o discurso de Bolsonaro aos embaixadores atacou as instituições eleitorais.