O empresário Alberto Raposo Marques, 57 anos, descobriu um câncer no sistema linfático em 2020. De lá para cá, testou quase tudo para se livrar do tumor. Na próxima terça-feira (20/6), ele se submeterá à terapia CAR-T, que vem sendo celebrada como o que há de mais moderno no combate à doença atualmente.
Um caroço na virilha direita levou Alberto a obter o diagnóstico de linfoma não-Hodgkin de células B. Embora não houvesse dores ou sintomas, quando ele descobriu que se tratava de um tumor, a doença já havia se espalhado pelo pescoço, axilas e quadris.
“Tentei todos os tratamentos, quimioterapia, radioterapia, fiz um transplante de medula e não funcionou. Fiquei durante toda a pandemia de Covid na minha casa, isolado. Sempre fui muito festeiro, pois estava recluso em casa na hora mais difícil da minha vida”, lembra Marques.
O empresário estava praticamente desenganado quando o médico lhe sugeriu tentar o CAR-T. Para conseguir o novo tratamento, o impedimento são barreiras burocráticas que precisam ser vencidas rapidamente. O CAR-T para o linfoma não-Hodgkin foi aprovado pela Anvisa há pouco mais de um ano, mas ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde e envolve custos de até R$ 2 milhões para ser realizado na rede particular.
O CAR-T é uma terapia altamente individualizada: células de defesa do paciente são retiradas do corpo, modificadas em laboratório e, em seguida, reintroduzidas no paciente para atacar o tumor. “Fazemos uma alteração genética nas células. O DNA é modificado de forma que as células de defesa vão atuar especificamente para encontrar o câncer e destruí-lo”, explica o médico Dimas Covas, responsável por um estudo pioneiro sobre a terapia no Brasil.
Quando seu médico lhe falou sobre o assunto, Alberto passou a estudar o CAR-T e a pensar em uma estratégia para viabilizar o tratamento. Ele pretendia entrar na Justiça para que o plano de saúde arcasse com os custos mas, para sua surpresa, não foi preciso. O aceite do convênio foi imediato.
“Sentia muita vontade de viver, mas tinha medo de não dar tempo de fazer o tratamento porque minha doença sempre evoluiu muito rapidamente. No final, acabei dando sorte. Quando soube que o meu tratamento tinha sido aprovado pelo plano de saúde sem necessidade de ir à justiça, fiquei tão feliz que não sabia nem como comemorar”, conta Marques.
Células modificadas nos EUA Parte das células de defesa de Marques foram retiradas no final de abril, congeladas e mandadas para os Estados Unidos. Neste sábado (17/6), as células modificadas serão multiplicadas para que a aplicação seja realizada na terça-feira (22/6).
“A minha expectativa é grande, imensa. Tenho urgência em viver. Finalmente, a minha espera está acabando”, diz ele.
Alberto Raposo Marques, 57 anos, já tentou quase tudo que seria possível contra seu câncer. Sua última esperança de alcançar a cura é em um tratamento que deve chegar ao seu ponto mais importante nesta terça-feira (20/6) quando o empresário fará uma aplicação de células de alteradas pela terapia de CAR-T em seu corpo.
Alberto e sua esposa Helena durante os primeiros tratamentos, realizados em 2020 Acervo pessoal
Alberto Raposo Marques, 57 anos, já tentou quase tudo que seria possível contra seu câncer. Sua última esperança de alcançar a cura é em um tratamento que deve chegar ao seu ponto mais importante nesta terça-feira (20/6) quando o empresário fará uma aplicação de células de alteradas pela terapia de CAR-T em seu corpo.
Ele descobriu seu linfoma não-Hodgkin de células B em 2020, aos 55 anos Acervo pessoal
Alberto Raposo Marques, 57 anos, já tentou quase tudo que seria possível contra seu câncer. Sua última esperança de alcançar a cura é em um tratamento que deve chegar ao seu ponto mais importante nesta terça-feira (20/6) quando o empresário fará uma aplicação de células de alteradas pela terapia de CAR-T em seu corpo.
Em 2021, ele realizou um transplante de medula,
Alberto Raposo Marques, 57 anos, já tentou quase tudo que seria possível contra seu câncer. Sua última esperança de alcançar a cura é em um tratamento que deve chegar ao seu ponto mais importante nesta terça-feira (20/6) quando o empresário fará uma aplicação de células de alteradas pela terapia de CAR-T em seu corpo.
Alberto e a esposa Acervo pessoal
O que é o CAR-T? A terapia de CAR-T é feita para o tratamento de cânceres que atingem o sangue. No Brasil, a terapia está autorizada para combater a leucemia linfoblástica B e o linfoma não-Hodgkin de células B.
O caso mais célebre de terapia CAR-T é de um paciente que atingiu remissão completa em apenas um mês de tratamento. No Brasil, estudos estão sendo realizados na USP para a implantação do tratamento na rede pública de saúde. O objetivo é criar aqui um laboratório que consiga fazer as alterações genéticas realizadas nos Estados Unidos.
Na rede privada de saúde, é possível encontrar o tratamento em alguns hospitais desde 2022. Os custos, entretanto, tornam o acesso praticamente impossível. É comum que os planos de saúde se recusem a cobrir o tratamento e que a demanda tenha de ser judicializada.
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