Com a proximidade das eleições municipais de 2024, políticos do PSDB têm se movimentado para manter o protagonismo do partido no Estado de São Paulo, onde a legenda coleciona a maior parte de suas prefeituras. No entanto, outros partidos como o PL e o Republicanos tentam minar a hegemonia tucana no Estado. Para analisar este cenário, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB). O tucano defende a tentativa do partido se “reinventar” para não perder poder político, mas desde que mantenha seus ideais. “Isso passa por uma reformulação interna que já está em curso desde o início do ano, quando o presidente do partido e governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, formou a nova executiva com esse conceito. Além da questão pragmática, de fazer com que o partido tenha novos quadros, novos futuros prefeitos, novos deputados, deputadas e vereadores, essa é uma questão importante.”
“Mas tudo isso vai ser sempre formado em torno da parte programática. O PSDB está se reavaliando, rediscutindo bandeiras e valores, a defesa do nosso legado e das boas gestões que nós temos, não só no Estado de São Paulo, mas em várias cidades por todo o Brasil, e a gestão boa que nós tivemos quando governamos o país há tempos atrás. Essa reconstrução programática tem o seu tempo. Em São Paulo, especificamente, onde nós chegamos a ter quase 250 prefeitos, elegemos um pouco mais de 180, mas houve uma espécie de inchaço natural do partido. É normal e um movimento natural da política a entrada e saída de prefeitos. Muitos dizem que é uma crise, ou uma diminuição do partido, mas nós que estamos à frente desse processo de reavaliação não vemos assim. É uma oportunidade para o partido se reinventar, se reposicionar e também, com conteúdo, atrair novas lideranças e disputar o que for necessário e importante”, declarou.
Em São Paulo, o fato de Ricardo Nunes (MDB) ter sido vice de Bruno Covas nas eleições de 2020 é um fator que contribui para um possível apoio do PSDB. No entanto, o presidente do diretório estadual do PSDB em São Paulo, Marco Vinholi, já disse que existem defensores de candidaturas tucanas e até de alianças com outros partidos. Paulo Serra não descarta o apoio a Nunes, mas destacou a importância do partido ser protagonista: “O PSDB hoje participa da gestão Ricardo Nunes, até pela própria herança que Bruno Covas nos deixou. Essa discussão é uma das mais ativas dentro do partido. A gente deve definir isso até o começo do ano que vem. Sem dúvida, é uma cidade em que o PSDB tem que participar com protagonismo”. Para o prefeito de Santo André, o foco é conseguir um alto volume de candidaturas e articular alianças locais com partidos de centro: “Ideia é lançar candidatos em todas as cidades de São Paulo, nos 645 municípios. Essa tem que ser a ideia inicial, porque as eleições são uma vitrine importante para que os partidos exponham suas ideias”.
“De uma forma geral, a gente tem conversado nessa nova fase com vários partidos desse campo de centro. O Podemos é um partido que a gente têm mantido diálogo, mas a gente não descarta o próprio PL, não descarta o Republicanos. Porque nas questões locais, e essas próximas eleições são locais, a questão ideológica acaba pesando menos do que a questão local. Principalmente para a eleição de prefeitos, as pessoas levam muito em conta a avaliação da gestão, aquilo que a cidade foi transformada e que o dia a dia local foi transformado. A gente abriu esse diálogo, mas sempre com o objetivo principal de conteúdo e ideias para voltar a reconquistar as pessoas”, explicou.
Já a respeito das eleições presidenciais de 2026, que podem abrir espaço para um novo candidato à direita caso Jair Bolsonaro (PL) perca seus direitos políticos e se torne inelegível, o tucano não descarta uma possível candidatura de Eduardo Leite, mas pondera a necessidade de reconstruir o partido antes: “Acredito que seja muito cedo para a definição de nomes. O que a gente precisa definir, no caso especial do PSDB-Cidadania, é o conceito. Onde nós vamos se posicionar? Quais ideias a gente vai defender? Através dessas ideias e desse conceito de uma posição de centro, equidistante da esquerda e da direita, tirando o melhor dos dois, mas com consenso e equilíbrio. É esse posicionamento que vai voltar a fazer com que a gente se reconecte com as pessoas, com que as pessoas se identifiquem novamente na federação PSDB-Cidadania (…) Se isso acontecer, claro que o Eduardo, entre outros nomes, é um nome possível e cotado para conduzir esse processo”. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.