InícioNotíciasPolíticaA confissão eleitoral de Jerônimo e as agendas do governador

A confissão eleitoral de Jerônimo e as agendas do governador

Já está nas mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux a ação que pode trazer problemas para a escolha da ex-primeira-dama Aline Peixoto, esposa do ministro Rui Costa (PT), para o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) foi movida pela Associação Nacional dos Auditores de Controle Externo dos Tribunais de Contas do Brasil (ANTC) e tem o objetivo de barrar a nomeação de parentes de presidentes, governadores e prefeitos para os cargos de conselheiros das cortes. A ação, de acordo com a movimentação do processo, já está pronta para uma decisão de Fux, que é relator do caso. Além de Rui, outros ministros de Lula também indicaram esposas para tribunais de contas e também podem ter problemas. O governador Jerônimo Rodrigues (PT) deu sinal verde para vários termos de aditivos nos convênios assinados pelo seu antecessor, Rui Costa (PT), às vésperas das eleições de 2022. Um ano depois, muitas obras e investimentos sequer saíram do papel e tiveram que ter o prazo dilatado para não perderem a validade. Para interlocutores, a manobra é uma espécie de confissão pública de que os convênios foram usados unicamente para fins eleitorais sem nenhuma contrapartida prática para as prefeituras. É o caso de Itaquara, Sento Sé, Irajuba, Coração de Maria, Jaguarari e Tremedal, cujas obras de construção e reforma de escolas ganharam sobrevida de 12 meses, de acordo com publicação do Diário Oficial desta quinta (29). A lista de equipamentos abandonados pelo Governo do Estado em Salvador tem mais espaço pouco falado. Fechado, pasmem, desde 2018, o Museu de Ciência e Tecnologia da Bahia (MCT), no Imbuí, segue em situação de degradação e sem uma definição do governo petista, que chegou a prometer “a concepção de um projeto de revitalização conceitual e de infraestrutura” em 2021. Contudo, até hoje nada. Inaugurado em 1979 pelo ex-governador Roberto Santos, o museu foi o primeiro espaço interativo do gênero na América Latina. O equipamento se junta a outros que pedem socorro à gestão petista, a exemplo do antigo centro de convenções, no Stiep, e as obras do monotrilho do Subúrbio, que seguem abandonadas após a desativação do trem. A agitada agenda social do governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem gerado burburinhos entre parlamentares e integrantes do primeiro escalão do petista. Enquanto prioriza a participação em eventos festivos, viagens e atividades de instituições e aliados, Jerônimo tem deixado de lado o despacho com seu time de secretários e dirigentes de órgãos. Um deles chegou a reclamar com um parlamentar que tenta marcar, há quase dois meses, um encontro com Jerônimo para discutir um assunto sensível, mas não tem encontrado espaço na agenda do governador. A situação, de acordo com parlamentares, decorre do fato de as decisões importantes passarem pelo ex-governador Rui Costa, que, mesmo em Brasília, continua com forte influência no governo. Políticos com trânsito no Palácio de Ondina contam que ao menos cinco secretários e dirigentes de órgãos têm despachado com Rui para tomar decisões administrativas, que acabam não passando por Jerônimo. Embora seja fiel escudeiro de Rui, Jerônimo tem se mostrado incomodado com a situação. Após enfrentar desgaste com o agronegócio baiano por conta da falta de um posicionamento firme sobre as invasões do MST, Jerônimo deve sofrer novamente com a pressão do setor por conta de um projeto que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos, procedimento muito utilizado principalmente na produção de grãos. A proposta, que tramita na Assembleia Legislativa, é vista com preocupação por entidades do Agro da Bahia, que temem a aprovação da medida. Segundo elas, caso o projeto seja aprovado, resultará no aumento do custo de produção e pode inviabilizar muitos negócios. A medida é defendida por deputados mais à esquerda, mas criticada por parlamentares ligados ao setor, muitos inclusive da base governista. Resta saber como o governo vai se posicionar. Já chegou à casa de R$ 155 milhões o montante parcial gasto pelo governo do Estado nas festas de São João e São Pedro, mas a distribuição dos recursos passou longe de fazer a alegria geral. Isso porque algumas poucas cidades abocanharam para si cifras que romperam a casa de R$ 1 milhão, caso de Barra do Choça, Coração de Maria, Itiruçu, Lauro de Freitas e Muniz Ferreira – todas elas de aliados fiéis ao governador Jerônimo desde a ocasião da campanha eleitoral. Na fronteira oposta à fartura ficaram as cidades tratadas a pão e água, cujos prefeitos não colocaram a estrela no peito na corrida eleitoral de 2022, a exemplo de Santo Antônio de Jesus. Mesmo sendo destino quase sagrado nas festas juninas, o município viu o valor do convênio deste ano derreter pela metade e teve ajuda de apenas R$ 50 mil. Em situação pior ainda estiveram Xique-Xique e Vitória da Conquista, governadas por gestores aliados de ACM Neto. Na Suíça baiana, Jerônimo injetou quase meio milhão de reais em um instituto de sustentabilidade, mas não pingou um centavo sequer para ajudar os cofres municipais. Todo mundo sabe que a vida que o vice-governador Geraldo Junior leva no governo está longe de ser a que ele sonhava. Pediu morada oficial, secretaria, espaço na gestão, poder, e nada disso foi atendido. Nesta semana o Líder apareceu de surpresa no almoço dos vereadores de Salvador. Ficou 30 minutos com os edis. O evento era exclusivo para os legisladores soteropolitanos. Uma figura presente até brincou: “Está com saudade da ex-casa”. Uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) identificou uma série de irregularidades nas contas de 2021 da Secretaria da Cultura da Bahia (Secult-BA). Entre elas estão pagamentos de mais de R$ 37 milhões sem registros nos sistemas de controle. As irregularidades envolvem ainda a falta de celeridade e efetividade na realização da prestação de contas, o descumprimento de normas relacionadas ao repasse de verbas para fomento cultural e falhas no acompanhamento, monitoramento e avaliação da execução das ações pactuadas. Segundo o TCE, as falhas são recorrentes e vêm sendo apontadas há pelo menos sete anos sem que o governo adote medidas para resolver a situação de falta de transparência e controle interno.

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