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Retomada das invasões dá combustível para prorrogação da CPI do MST e coloca governo Lula ‘na mira’

A nova invasão de área da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ocorrida na cidade de Petrolina, em Pernambuco, dá combustível para ruralistas e opositores que defendem a prorrogação da CPI do MST. Em tramitação na Câmara dos Deputados desde maio, o colegiado tem até 28 de setembro para investigar a possível omissão do governo, bem como a relação de autoridades com recentes invasões de terras. No entanto, com a ocorrência de novas ocupações – marcadas por cobranças diretas ao governo Lula 3 -, deputados articulam a aprovação de um requerimento para prorrogar a comissão parlamentar por mais 60 dias. Ou seja, garantindo seu funcionamento até 28 de novembro. No requerimento, o presidente da CPI, deputado Luciano Zucco (Republicanos-SP), defende a postergação como “imperiosa”. “Em razão da relevância das atribuições desta Comissão e da exorbitante quantidade de trabalhos, bem como considerando a suspensão das atividades na Casa após a votação da reforma tributária e previsão regimental pertinente, requer-se a prorrogação do prazo de exercício das atividades.”

Como o site da Jovem Pan mostrou, no último do domingo, 30, lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) confirmaram a entrada de cerca de 1.550 pessoas em área do centro de pesquisa da Emprapa, local onde aconteceria o evento Semiárido Show. O MST acusou o governo federal de não cumprir acordos firmados durante a primeira ocupação da região, no “Abril Vermelho”. “Nós elegemos o governo Lula e precisamos que o ministério cumpra seu papel em atender as demandas da reforma agrária e as políticas voltadas para os movimentos sociais e não somente servir os interesses do agronegócio”, disse Jaime Amorim, da direção do MST em Pernambuco. Na prática, a nova invasão da região da Embrapa teve duração de menos de um dia, com a desocupação da área na segunda, 31. Para opositores e críticos ao Movimento Sem Terra, no entanto, o tom de cobrança do governo federal dá combustível para que as investigações sobre a relação do Executivo e demais autoridades com as ocupações sejam intensificadas.

“A invasão da Embrapa em Petrolina derruba a falsa narrativa de que os caras só invadem área improdutiva. Até o berço da tecnologia de agricultura irrigada que vem salvando o Nordeste está sendo vítima desses bandidos”, afirmou o relator da comissão parlamentar, o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP). Em entrevista à Jovem Pan News, o parlamentar defendeu que o movimento seria “um braço do governo” de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mencionando, inclusive, que uma “ala do governo faz tudo para que as invasões aconteçam”. “A CPI já avançou bastante e deixou claro o modus operandi dessas invasões de terra no Brasil e a indústria de exploração da miséria alheia que se estabeleceu com essas invasões (…) A CPI precisa de mais tempo para ir mostrando exemplos dessas invasões criminosas em diversos Estados do Brasil”, afirmou Salles. Outros parlamentares ouvidos pelo site da Jovem Pan também alegam, inclusive, que a instalação da comissão parlamentar levou à redução exponencial das invasões, o que também justificaria a continuidade da investigação parlamentar. “A nova ocupação não passará batida pela CPI”, dizem os opositores.

Entre aliados e apoiadores do governo, o balanço é que o MST acaba por “ferrar” o Executivo ao promover a nova invasão às vésperas de um evento promovido em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A avaliação é que, para chamar atenção das autoridades, justificativa apresentada pelo movimento, teria sido mais condizente buscar caminhos alternativos, sem “dar munição aos inimigos”. A visão negativa dos reflexos da nova ocupação para o governo ganha força após a aprovação do requerimento para convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Com caráter impositivo, o ex-governador da Bahia será obrigado a comparecer à CPI do MST na próxima quarta-feira, 9, sob pena de crime de responsabilidade.

Rui Costa deve ser questionado sobre a possível relação entre indicações ao governo e “chantagens” promovidas pelo MST para negociar cargos, assim como sobre ocupações ocorridas em território baiano enquanto esteve à frente do governo estadual. O tema foi antecipado pelo deputado federal Kim Kataguiri (União-SP). No mesmo sentido, o ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, também deve ser pressionado durante oitiva na quinta-feira, 10, com foco nas declarações recentes do petista de que a invasão à Embrapa foi um “protesto do ansios” MST”, resolvido após novas promessas relacionadas à reforma agrária.

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