A PGR (Procuradoria-Geral da República) solicitou ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) o afastamento imediato do governador do Acre, Gladson Cameli (PP), em virtude de uma denúncia que inclui crimes como peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão final ficará a cargo da ministra Nancy Andrighi. O pedido surge no contexto de suspeitas sobre Cameli liderar um esquema de fraude em licitações desde 2019, envolvendo pelo menos oito contratos governamentais nos últimos anos, resultando em um prejuízo estimado de R$ 150 milhões. A defesa do governador considerou “arbitrário e absurdo”. “Não há nenhum fato novo que justifique esse pedido de afastamento. Ele decorre de um outro pedido que já tinha sido indeferido pelo Superior Tribunal de Justiça. E, além de tudo, ele foi feito na vagância do cargo de procurador-geral da República. Essa investigação é toda ilegal. Ela decorre de uma devassa realizada pela Polícia Federal de Cruzeiro do Sul, sem que tivesse competência para investigar o governador Gladson Cameli. Para se ter uma ideia, quebraram o sigilo de uma criança de apenas sete anos de idade, o filho do governador. Não há nenhuma ilegalidade atribuível ao governador”, disse Pedro Ivo, advogado de Cameli. Ele afirma que seu cliente confia no Poder Judiciário, no Superior Tribunal de Justiça e tem a convicção de que o pedido será indeferido.
Segundo a denúncia de 175 páginas, Cameli teria orquestrado um esquema em que uma empresa, sem expertise local, obteve um contrato milionário de manutenção predial com o governo do Acre. Logo após a celebração do contrato, essa empresa teria contratado, de forma velada, a empresa do irmão do governador, beneficiando-a financeiramente. A PGR alega que o irmão de Cameli recebeu pelo menos R$ 4,4 milhões, destacando sobrepreço de R$ 8,8 milhões e superfaturamento de R$ 2,9 milhões no contrato. A investigação identificou transferências de valores entre a construtora contratada e a empresa do irmão do governador, totalizando R$ 1,6 milhão. A defesa afirma que “as obras foram todas executadas e entregues ao povo do Acre, que reelegeu Gladson Cameli no primeiro turno”.
A denúncia também aponta que o dinheiro desviado foi usado para beneficiar diretamente o governador e seus familiares, incluindo o pagamento de parcelas do financiamento de um apartamento de luxo em São Paulo e de um carro de luxo, além de propina para o irmão do governador. Cameli está atualmente em Dubai, participando da COP28 como parte da comitiva do governo do Acre.