Qual é a lógica, se é que existe alguma, quando se trata do uso do dinheiro público para saciar a fome de políticos interessados sem se eleger, eleger aliados, e se reeleger?
O Congresso deve votar, hoje, proposta que turbina as verbas públicas usadas na campanha eleitoral e em obras patrocinadas por deputados e senadores em seus redutos.
O relatório do Orçamento da União de 2024 prevê o aumento do Fundão Eleitoral para RS 5 bilhões – o dobro do que foi gasto nas eleições municipais de 2020.
O Fundão servirá para eleger apenas prefeitos e vereadores, enquanto Fundão do mesmo valor elegeu no ano passado presidente, governadores, deputados federais e estaduais.
O Senado e deputados de estados menores defendiam que o Fundão fosse de aproximadamente R$ 2,5 bilhões, o que equivale ao valor gasto em 2020, corrigido pela inflação.
O relator do Orçamento da União é o deputado Luiz Carlos Motta (SP), filiado ao PL de Valdemar Costa Neto, partido que abriga Bolsonaro, cuja meta é eleger mais de mil prefeitos.
Eleições municipais são mais importantes para deputados do que para senadores. Se um deputado elege um prefeito, larga em vantagem para a eleição geral de dois anos depois.
Quanto às emendas parlamentares (dinheiro que cada parlamentar tem direito para financiar obras em seus redutos), será fixado um novo teto recorde: R$ 53 bilhões.
Se isso de fato ocorrer, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vitrine do governo Lula na área de infraestrutura, recuará de R$ 61,3 bilhões para R$ 44,3 bilhões.
O governo tentou convencer deputados e senadores a aplicarem parte do valor de suas emendas em obras do PAC, mas eles não concordaram. Querem ser pais de obras para chamar de suas.
O dinheiro é público, recolhido por meio do pagamento de impostos, mas cada parlamentar só se importa com seu próprio futuro.