Diretor da Escola de Inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o pesquisador Marco Cepik foi nomeado para o cargo de diretor-adjunto do órgão. A troca foi assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silta (PT) e publicada no Diário Oficial da União (DOU). A mudança ocorre após a exoneração de Alessandro Moretti, nessa terça-feira (30/1).
As substituições na Abin acontecem em meio a uma investigação da Polícia Federal sobre um suposto esquema de espionagem ilegal na agência durante o governo Jair Bolsonaro (PL), chamado de “Abin paralela”. À época, o órgão era comandado por Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal pelo PL.
Além de dispensar Alessandro Moretti, Lula desligou quatro outros membros e designou novos sete diretores da agência, em funções ocupadas por agentes secretos.
Pesquisador reconhecido Marco Cepik é considerado uns dos principais estudiosos sobre inteligência no país e também é o homem de confiança do diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa. Autor de livros sobre o tema, em 2003 ele publicou “Espionagem e democracia”, obra que revela como evoluíram as organizações modernas de inteligência até a formação de complexos sistemas de espionagem.
Formado em Ciência Política, o novo diretor-adjunto da Abin é professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul desde 1995 e um dos autores das propostas ao grupo de transição que acabaram moldando a atual configuração da Abin.
Ele defendeu a desmilitarização da agência e subordinação à Casa Civil da Presidência, hoje chefiada pelo ministro Rui Costa (PT). Antes, a Abin estava sob a tutela do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Abin paralela A PF averigua a ação de uma organização que atuou de forma paralela na Abin entre julho de 2019 e março de 2022, período que abrange o comando do ex-diretor-geral Alexandre Ramagem.
A investigação é um desdobramento das operações Última Milha e Vigilância Aproximada, que apuram irregularidades no uso do software chamado FirstMile pela Abin.
A plataforma espiã realiza o monitoramento de celulares que utilizam as redes 2G, 3G e 4G. Com a ferramenta, é possível verificar a localização do aparelho. Segundo a PF, ela era usada para vigiar jornalistas, políticos, juízes e advogados.
O ex-presidente Bolsonaro e Alexandre Ramagem negam quaisquer irregularidades.