Presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann criticou a reação do Congresso ao veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão.
“Aí, o presidente veta R$ 5,6 bilhões, e o pessoal do Congresso fica bravo, chateado. Não pode ser assim. Tudo tem limite. Temos que conservar o que é papel constitucional de cada Poder”, disse, em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta segunda-feira (5/2).
“Achei um ultraje o valor aprovado para emendas parlamentares no Orçamento, R$ 53 bilhões. É quase o total para investimento. Não sou contra as emendas, mas elas não podem substituir [o papel do governo]. Não há um planejamento para o país na execução desses recursos, que seguem interesses dos parlamentares”, falou.
Lula, ao sancionar a Lei Orçamentária Anual (LOA), em janeiro, realizou o corte nas emendas. O acordo do governo com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), era gastar no máximo R$ 12 bilhões para as emendas parlamentares.
Mas, quando a LOA passou pelo Congresso, o valor foi aumentado pelos parlamentares. Para apaziguar a relação já difícil entre Executivo e Legislativo, o governo ficou de compensar os parlamentares por essa perda nas comissões.
Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, admitiu que o Executivo poderá reavaliar o veto de Lula às emendas de comissão e previu um anúncio nesse sentido após o Carnaval.
Gleisi fala de Lula, Abin e déficit zero Na entrevista, Gleisi confirmou o nome do chefe do Executivo na eleição de 2026: “O Lula tem que ser nosso candidato à reeleição. Não tenho dúvida. Está na resolução do PT”.
A presidente do PT disse ser “missão” do partido consolidar essa frente para Lula. “Ela é totalmente expressa na formação do governo, na condução da economia e no relacionamento com o Congresso”.
A deputada também comentou sobre as investigações da Polícia Federal (PF) sobre a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). “A agência estava contaminada. O presidente fez muito bem de tirar essas pessoas de lá. A Abin precisa de uma grande reformulação”, afirmou.
Na semana passada, Lula exonerou Alessandro Moretti do cargo de diretor-adjunto da agência, em meio às investigações de uma “Abin Paralela”, durante a gestão de do ex-diretor-geral Alexandre Ramagem, até março de 2022.
Gleisi ainda falou sobre a meta fiscal do déficit zero e disse que precisa analisar a viabilidade da questão “no primeiro bimestre”.
“O presidente Lula disse que não permitirá contingenciamento dos investimentos. Isso é fundamental para não travar a economia. A meta que nós temos que buscar é a do crescimento econômico. Já defendi que não tínhamos que cravar a meta fiscal zero”, afirmou.