Em Tupã, interior de São Paulo, Marcelo Nistarda, 49 anos, assassinou a facadas Milena Nistarda, 53, e arrancou seu coração. Quando a policia chegou, o assassino, seu marido por 29 anos, estava com o coração de Milena nas mãos. Quatro horas antes, Milena havia pedido medida protetiva contra o marido.
Esse é o cenário no País. Perturbador: 74% das brasileiras acreditam que a violência contra as mulheres aumentou no país em 2023. A 10ª. edição da pesquisa Nacional de Violência contra a mulher, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, revelou que a maioria das brasileiras que amargaram algum tipo de violência no ano passado, sofreu ataques físicos e psicológicos.
O levantamento atende ao Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, celebrado em novembro. Na região Centro-Oeste, a percepção do aumento da violência é ainda mais acentuada, 79% acreditam que a violência aumentou. Depois vem o Nordeste (78%), Norte, 74%, Sudeste, 72%, e Sul, 66%.
Em 2022, a Organização Mundial de Saúde havia revelado que o Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídio do mundo. Diz a OMS que, em todo o mundo, uma em cada três mulheres (cerca de 740 milhões de pessoas) é submetida à violência ao longo da vida. Mais grave: uma em cada quatro mulheres de 15 a 24 anos já terá sofrido violência de seus parceiros por volta dos 20 anos.
Não precisamos ir longe. No Distrito Federal, o feminicídio foi o crime que mais cresceu em 2023. De 17 casos, em 2022, para 34. Tentativa de feminicídio, de 37 para 78. Das mulheres mortas por seus companheiros, 67% já haviam sofrido violência, 62% não registraram queixas, e 85% eram mães.
Sem ter muito o que comemorar, vem ai mais um 08 de março, Dia Internacional da Mulher. São muitas as histórias que justificam a data. Fala-se em homenagem às mais de cem mulheres mortas num incêndio em uma fábrica de Nova Iorque, em 1911. De qualquer modo, a data foi oficializada pela ONU em 1975. Nesses quase 50 anos, avançamos. Não foram concessões. Foram conquistas, a duras penas. Virão mais.
O general legalista
Se os discípulos de Bolsonaro chamam de traidor o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, é óbvio que o general tinha o que falar. Segundo a Folha de SPaulo, Freire Gomes não ficou calado. Respondeu a 250 perguntas feitas pela Policia Federal, na última sexta-feira. A CNN revelou que o ex-comandante confirmou reuniões com Bolsonaro sobre a minuta golpista.
Para quem foi chamado de “cagão” pelo então candidato a vice na chapa derrotada de Bolsonaro, Braga Neto, por não compactuar com a tentativa de golpe, Freire Gomes teve coragem de encarar um interrogatório da PF que durou oito horas. Nem Bolsonaro, nem Braga Neto tiveram a mesma valentia. Covardemente, entraram mudos e saíram calados.
Segurança mínima
O crime cada vez mais organizado. Policias de todos os níveis estão, há 20 dias, à caça de dois bandidos que fugiram da Penitenciária dita de Segurança Máxima de Mossoró (RN). Para piorar a situação, na madrugada de ontem, outros dois criminosos escapuliram de outra penitenciária dita de segurança máxima, em Campo Grande (MS). No sábado, talvez temendo mais fugas, o governo federal transferiu de Mossoró 23 presos, entre eles Fernandinho Beira-Mar, apontado como líder do Comando Vermelho.
Mirian Guaraciaba é jornalista