As apostas dos investidores num corte de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros, a Selic, bateram um novo recorde. De acordo com dados do mercado de Opções de Copom, da Bolsa brasileira (B3), elas atingiram 58,5% no fechamento de terça-feira (23/4). Em 1º de abril, representavam apenas 3,37%. Nesse período, portanto, elas cresceram mais de 1.500%.
Nesse segmento da B3, o mercado literalmente faz apostas sobre as alterações da Selic, a cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC). O próximo encontro, no qual será definido o novo valor da taxa, ocorrerá entre 7 e 8 de maio.
Até o dia 15 de abril, no início da semana passada, 85,2% dos investidores previam um corte de 0,5 ponto percentual da taxa de juros. Esse número chegou a 94% em 1º de abril. Agora, ele desabou para 26,5%.
Além disso, outros 14% apostam que a Selic nem sequer sofrerá alterações em maio. Ou seja, esses investidores acreditam que ela será mantida no atual patamar de 10,75%. E esse número também vem crescendo. Até 10 de abril, estava próximo de zero.
Freio nos cortes Desde agosto do ano passado, o Copom promoveu seis cortes seguidos de 0,5 ponto percentual da Selic. A ata da última reunião do órgão, em março, indicou que haveria mais uma redução desse valor, mas condicionou a mudança à manutenção do cenário econômico vigente na ocasião.
Esse quadro, contudo, apresentou uma sensível piora. Ela foi provocada por fatores como a perspectiva de continuidade dos juros elevados nos Estados Unidos, o acirramento do conflito no Oriente Médio – com o ataque do Irã a Israel – e pela mudança da meta fiscal para 2025 e 2026 no Brasil, anunciada pelo governo federal na semana passada.
Mudança de projeção Com a deterioração do horizonte econômico, os agentes também alteraram a estimativa para o valor da Selic em 2024. De acordo com o Relatório Focus, também preparado pelo BC, os analistas consultados pela instituição acreditam numa taxa de 9,50% no fim deste ano. Por 16 semanas seguidas, porém, essa projeção vinha sendo mantida em 9%. Parte do mercado já trabalha com a perspectiva de ao menos 10%.