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Lula tenta unir o país enquanto os perversos sabotam seus esforços

Critica-se Lula por não ter promovido até agora a união nacional, deixando de lado as diferenças com seus adversários. Ora, é o que ele mais tem se esforçado por fazer desde que montou seu governo com ministros de variadas tendências políticas. Tem de tudo ali.

Só não peçam que no governo haja uma maioria que não apoiou a eleição de Lula. Isso caberia a Bolsonaro fazer se tivesse vencido, mas perdeu; por poucos votos, mas perdeu. É o primeiro presidente a ser derrotado desde que a reeleição foi introduzida no Brasil em 1998.

Lula convive com um Congresso hostil de maioria conservadora. É impossível dizer que ele não conviva bem. No Congresso, seu maior desafeto é Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, que, na prática, opera como se fosse uma espécie de primeiro-ministro.

Lira disse outro dia que o Brasil vive hoje um regime semipresidencialista. Só não disse, por modéstia que não tem, mas esperteza que lhe sobra, que no atual regime semipresidencialista o primeiro-ministro é ele. Deixará de ser em fevereiro próximo.

Em cerimônia na semana passada, em Alagoas, que contou também com a presença de Lula e do senador Renan Calheiros (MDB-AL), Lira foi vaiado estrepitosamente. É um aliado de Calheiros que governa Alagoas. Um filho de Calheiros é ministro de Lula.

Lula reprovou as vaias a Lira, passou um carão na multidão, e disse que Lira e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, o têm ajudado muito. Disse que os dois cumprem muito bem os seus papéis, e que é obrigação do governo procurar entender-se com o Congresso.

Isso não prova que Lula, a seu modo, empenha-se em promover o que chamamos de união nacional? Quando nada porque ele está em minoria no Congresso. Mas se fosse um incendiário, iria para o confronto, apelando diretamente aos brasileiros.

A tragédia no Rio Grande do Sul, pelo que se vê, uniu o país em torno de uma grande causa – o socorro às vítimas e a reconstrução do estado quando as águas voltarem ao seu leito natural. Quando, no passado, se viu um governo, como este, atuar com tanta presteza?

Na contramão do país, uma minoria, que Lula definiu como “perversa”, torpedeia a união recém-conquistada. O provável é que a união se desfaça mais adiante, mas não por culpa de Lula. Enquanto não se desfaz, está sendo boa para o país.

À extrema-direita – você sabe de quem falo -, não interessa união, nem em uma hora grave como esta. Daí o festival de notícias falsas que ela produz e dissemina. O fascismo é um animal tinhoso. Pode perder, mas sempre sobrevive e quer voltar.

Contra ele, não se pode baixar a guarda em momento algum. De resto, o fascismo está em alta em grande parte do planeta, dos Estados Unidos à Europa, da Ásia ao Oriente Médio, onde a única democracia que existe por lá está em processo avançado de decadência.

“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” (Mateus 26.41.)

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