Você já chamou aquele crush de “conversante”? Ou se viu preso em interações supérfluas com “namoricos” que não saem do ambiente virtual? Costuma ser stalkeada no Instagram por alguém que sabe que tem interesse, mas o papo não evolui? Com o uso cada vez mais frequente das redes sociais como forma de manter contato e flertar com possíveis candidatos, novos hábitos surgem exclusivamente no meio virtual.
Atualmente, essas práticas ganharam até nome: orbiting, ou “orbitar”. Por mais que ficar “enrolando” um contatinho por meio das redes sociais possa parecer algo inofensivo à primeira vista, esse comportamento tem o potencial de levar o indivíduo a se manter em ilusões e expectativas para alimentar as próprias fantasias. E, segundo experts, é tóxico.
De acordo com o psicólogo Alexandre Bez, especialista em relacionamentos pela Universidade de Miami, a ausência de barreiras físicas encoraja o desenvolvimento de vínculos emocionais que, apesar de não se concretizarem no mundo real, proporcionam uma sensação temporária de conexão e segurança.
“O orbiting frequentemente começa como um interesse genuíno e uma curiosidade contínua pela vida do outro. Muitos optam por manter essa distância virtual para preservar a fantasia de um relacionamento idealizado ou por medo de enfrentar a realidade emocional”, diz.
A esfera dos dígitos, reações, curtidas e visualizações têm influenciado cada vez mais pessoas a estarem “presas” a essas conexões virtuais, porém constantes, com ex-parceiros, ou amores platônicos. Isso se dá pela possibilidade de evitar questões emocionais reais que surgem nos relacionamentos.
“Orbitar em torno da vida de alguém é prejudicial. Identificar o tipo de relação envolvida no orbiting é essencial”, emenda Bez. O psicólogo alerta que é preciso reconhecer que ex-parceiros preferem investigar a vida do outro do que, de fato, participar dela. Logo, o melhor seria lidar com a frustração de que aquela relação não terá avanços a longo prazo, uma vez que aqueles que praticam e alimentam a órbita o faz pela necessidade de se sentir desejado.
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Ter as expectativas alimentadas e depois deixadas de lado faz parte do “orbiting”
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Aqueles que alimentam esse comportamento o faz muito pela necessidade de se sentir desejado por outros
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O orbiting pode causar, inclusive, o Transtorno de Estresse Pós-Traumático em relacionamentos amorosos
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A procura pelas tais “migalhas” se torna cada vez mais decepcionante
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Inicialmente, a prática constante do orbiting pode não parecer nociva, e até causar curtos momentos de alívio emocional. No entanto, o psicólogo deixa um importante alerta: “O orbiting pode gerar, inclusive, o Transtorno de Estresse Pós-Traumático em relacionamentos amorosos”, salienta.
Do outro lado da moeda, a perspectiva daqueles que alimentam o orbiting, segundo Ana Victória Dourado, psicóloga especialista em saúde mental, seria o desejo pessoal de ter alguém no banco de reservas.
“Você quer que a outra pessoa continue ali caso você mude de ideia. E isso pode causar insegurança, confusão e até mesmo ansiedade na pessoa que sofre com o orbiting”, esclarece a especialista.
A dica para aqueles que estão envolvidos inconscientemente nessas dinâmicas seria se questionar e passar a racionalizar a situação. “São migalhas nas redes sociais. Quais sinais concretos a outra pessoa te manda? As poucas interações nas redes sociais são suficientes para você?”, encerra Ana Victória.