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Abin paralela de Bolsonaro buscava ganho político para Ramagem, diz PF

Além de espionar autoridades, a Abin paralela do governo Bolsonaro buscava ganhos políticos para o então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, apontou a Polícia Federal (PF). A PF prendeu quatro pessoas em uma operação na quinta-feira (11/7) que apurou monitoramentos ilegais da agência.

Na gestão de Ramagem, delegado da PF, os policiais federais com cargo de confiança na agência tiveram um papel central no esquema criminoso, de acordo com o inquérito. Em depoimento, Paulo Pinho, ex-chefe de gabinete de Ramagem na agência, afirmou que as funções dos policiais federais na Abin eram usar o sistema de espionagem ilegal First Mile e “cuidar das redes sociais e da imagem pública” de Ramagem.

Para a PF, as ações clandestinas do grupo davam vantagens políticas para Ramagem nas redes sociais, trabalho que destoa do esperado de agentes de inteligência. Os policiais federais com cargo de confiança na Abin tinham a “ação de inteligência de cuidar de rede social”, seguiu a PF no relatório encaminhado ao STF.

Ramagem saiu da Abin em março de 2022, no prazo final para conseguir se candidatar a deputado federal. Foi eleito pelo PL, partido de Bolsonaro. Agora, é pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro. Apesar de o amigo da família Bolsonaro ter sido alvo de operações da PF nos últimos meses e do baixo desempenho nas pesquisas eleitorais, sua candidatura está mantida.

Um dos elementos citados pela PF para pedir a operação da quinta-feira (11/7) ao STF foi um áudio apreendido em um aparelho de Ramagem. Na gravação de uma hora e oito minutos, feita em 25 de agosto de 2020, Bolsonaro, Ramagem e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno trataram de um plano para derrubar a investigação das rachadinhas contra o senador Flávio Bolsonaro. O encontro foi revelado pela coluna em outubro de 2020.

A PF prendeu Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército; Marcelo Araújo Bormevet, agente da PF; Mateus de Carvalho Sposito, ex-assessor da Secretaria de Comunicação da Presidência; o influenciador digital Rogério Beraldo de Almeida; e o empresário Richards Dyer Pozzer. Os ex-assessores José Matheus Sales Gomes e Daniel Ribeiro Lemos foram alvos de mandados de busca.

Entre as autoridades espionadas ilegalmente pela Abin paralela estão os ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux; o presidente da Câmara, Arthur Lira; o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia; e os senadores Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues, que estavam à frente da CPI da Covid no Senado em 2021.

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