São Paulo — O Ministério Público (MPSP) pediu na última terça-feira (16/7) o encerramento do inquérito que denunciava os jornalistas Artur Rodrigues, do Jornal Folha de S. Paulo, e Joaquim Carvalho, do portal Brasil 247, por trechos em reportagens sobre o tiroteio ocorrido durante a campanha de Tarcísio de Freitas, então candidato ao governo paulista, em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo.
O pedido, obtido pelo Metrópoles, diz que “toda a atividade de investigação já foi esgotada”.
A decisão da promotoria partiu após a Justiça Eleitoral do estado rejeitar a denúncia apresentada em março. O documento diz que o TRE já interpretou que o comportamento dos jornalistas se tornou apenas liberdade de expressão.
Por fim, o promotor Fabiano Augusto Petean, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo afirma:
“Com o esgotamento das atividades de investigação e com a interpretação já mencionada pelo TRE do mérito da demanda, não há justa causa para o início de novas investigações (diante da ausência de fato novo) quanto aos presentes fatos”.
O mesmo promotor foi quem abriu a investigação em março com base em uma representação feita por um advogado de um candidato do Podemos, que acusou Tarcísio e seu staff de forjarem um atentado durante a agenda da campanha, em outubro de 2022.
Nela, Petean diz que os jornalistas “divulgaram reportagens discrepantes da realidade (e que sabiam inverídicas)” e apontaram a “participação de pessoas integrantes da equipe de Tarcísio na troca de tiros”.
O promotor atribuiu aos jornalistas o possível cometimento de crime previsto artigo 323 do Código Eleitoral, que consiste em divulgar, durante período eleitoral, “fatos que sabe inverídicos em relação a partidos ou a candidatos e capazes de exercer influência perante o eleitorado”.
Segundo Petean, os denunciados “afirmaram que o candidato e membros de sua equipe teriam ordenado ao cinegrafista Marcos Andrade a indevida supressão de imagens captadas durante o tiroteio, uma vez que tais imagens teriam registrado um segurança do candidato efetuando disparos de arma de fogo, possivelmente para simular um ‘atentado fraudulento’ a Tarcísio”.
A denúncia não citou nenhum trecho da reportagem publicada por Artur Rodrigues na Folha, que não apontou a participação de pessoas da equipe de Tarcísio na troca de tiros. À época, o jornal também não fez qualquer menção a “atentado fraudulento” ao então candidato ao governo de São Paulo.
Na denúncia, o promotor cita um trecho do depoimento do cinegrafista em que ele nega ter afirmado que havia uma farsa para beneficiar a campanha de Tarcísio. O depoimento é mencionado por Petean para sustentar a afirmação de que ficou “amplamente demonstrado que os fatos reportados nas matérias não correspondem ao que ocorreu”.
O depoimento do cinegrafista, contudo, não contradisse o foi publicado na reportagem da Folha. A apuração da reportagem foi corroborada por uma declaração de Tarcísio, no mesmo texto, de que sua equipe, de fato, pediu para o cinegrafista “não enviar parte do vídeo para não expor as pessoas que estavam lá”.
O próprio Tarcísio disse, na mesma reportagem, que “bandidos notaram” a presença da campanha “ali desde cedo”. “[Homens em] Motocicletas filmaram a nossa equipe, fizeram perguntas e voltaram armados. Não foi algo corriqueiro. Foi um tiroteio enquanto estávamos lá”, afirmou o atual governador na ocasião.