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RECORDAR ENSINA – A gaiola de ouro dos deputados de Brasília

14:34

A nobilíssima Câmara Legislativa do Distrito Federal acabou de cassar o mandato do deputado Carlos Xavier. Até recentemente, ele foi o corregedor da Câmara, encarregado de zelar pelo bom comportamento dos seus colegas. Agora está sendo acusado de ter mandado matar a tiros um rapaz de 16 anos que namorava sua ex-mulher.

A sorte de Xavier foi definida pelo voto de 23 deputados.

Um deles atende pelo nome de José Edmar, é presidente a Comissão de Assuntos Fundiários e passou 29 dias presos no ano passado, acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e parcelamento ilegal do solo urbano.

Outro deputado atende pelo nome de Pedro Passos. É o atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça. E se tornou famoso por ter sido flagrado em conversas comprometedoras sobre grilagem de terras até com o governador Joaquim Roriz. Passos foi apontado por uma CPI da própria Câmara como o maior invasor de áreas públicas do Distrito Federal.

Outro deputado atende pelo nome de Wigberto Tartuce, vulgo “Wigão”. É milionário. Mas apesar de ser, foi acusado pelo Tribunal de Contas da União de ter contribuído para o desvio de milhões de reais quando ocupou o cargo de secretário do Trabalho de Roriz. O dinheiro serviria para o treinamento de trabalhadores. Não houve treinamento. E o dinheiro sumiu.

O presidente da Câmara se chama Benício Tavares. Desloca-se em cadeira de rodas. Foi presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Distrito Federal. E, no ano passado, acabou condenado pelo Superior Tribunal de Justiça por desviar dinheiro da entidade.

Tem mais dois deputados de nome Odilon Aires e Gim Argello. Foram bons amigos até o segundo semestre de 2002. O clima entre eles azedou depois que apareceu uma fita de vídeo em que Odilon reclama com Pedro Passos, na época apenas acusado de grilar terras, sobre a quantidade de lotes que havia recebido por uma operação supostamente irregular. Odilon descobriu que Gim ganhou seis vezes mais lotes do que ele para ajudar na aprovação de uma lei na Câmara.

Por último, tem um deputado com o nome de Júnior Brunelli. É obreiro de uma igreja evangélica que ficou conhecida em Brasília por vender aos fiéis terrenos no céu.

Um dos argumentos de defesa de Xavier foi: “Quem nunca pecou que atire a primeira pedra”. Os pecadores atiraram. Xavier passará para a história de 13 anos da Câmara como o primeiro deputado a ter seu mandato cassado.

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