São Paulo – Na manhã deste domingo (4/8), o influenciador Pablo Marçal (PRTB) lançou sua candidatura à Prefeitura da capital paulista com um chá revelação para anunciar sua vice – Antônia de Jesus, uma policial –, com críticas aos adversários e sob a promessa de não utilizar dinheiro público na campanha.

“Já tivemos três governos do PSDB, três governos do PT e essa cidade não decolou”, disse ele. “Vamos levar São Paulo para 2050”, acrescentou.

Marçal fez ataques ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, e ao deputado federal Guilherme Boulos (PSol), ambos adversários nestas eleições.

“Esse governo atual [do Nunes] é do [João] Doria, que passou para o [Bruno] Covas, que morreu e deu de herança para o Ricardo Nunes. A gestão é de um falecido. Ele [Nunes] não tem pujança, estado de espírito e nem de presença para se manter na Prefeitura”, afirmou.

Ele também disse que Boulos “tem mais energia do que Nunes para vencer a eleição”. “Isso foi uma preocupação minha e, por isso, me coloquei à disposição”, declarou.

O influenciador tem se colocado como legítimo candidato bolsonarista, mesmo que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apoie Nunes. Ele pediu que os bolsonaristas “abram o olho” em relação ao atual prefeito.

“O próprio Nunes me mandou uma mensagem dizendo que eu sou uma piada. Inclusive, Nunes, se você for homem, me desbloqueia no Instagram”, desafiou.

Ele também minimizou situações como a mudança do Plano Diretor e disse que, para mudar a lei, basta uma “caneta bic e um mandato”. Depois, disse que não enfrentará problemas na Câmara Municipal porque “é bom de relacionamento”.

Chá revelação para vice de Marçal A vice dele foi anunciada após um chá revelação (vídeo abaixo), evento utilizado por casais que estão à espera de um filho para anunciar o sexo do bebê.

Com serpentinas cor-de-rosa, revelou que sua vice será Antônia de Jesus, a quem apresentou como “policial, católica, negra e nordestina”.

“Nós não temos cargo no governo”, disse Antônia em seu pronunciamento. “Agora sim temos um representante da classe baixa, uma mulher, daquela que sofre quietinha mas não fala”, acrescentou.

Convenção A convenção do PRTB que lançou a candidatura ocorreu em uma arena tecnológica na Mooca, bairro da zona leste da cidade, em local que espelha os ares futuristas das propostas apresentadas pelo empresário.

No palco, foram dispostas dez cadeiras gamer para acomodar a cúpula do partido. O assento reservado ao candidato, bem ao centro, tinha a logo da CBF, utilizado nas camisas da seleção brasileira de futebol.

Marçal ficou sentado entre o presidente nacional do PRTB, Leonardo Avalanche, e o presidente municipal da sigla, Levy Fidelix Filho, um dos filhos do folclórico político que fundou o PRTB, Levy Fidelix (morto em 2021).

O evento abriu ao som de uma bateria que puxou coros de “sai, sai da frente, sai que o Marçal é chapa quente”. Na sequência, um locutor conversou com o público e algumas mulheres puxaram músicas gospel (“quem é de Jesus, levante as mãos”).

Mais de uma vez, ele repetiu frases como “vou lançar um desafio para vocês” e “vou explicar para vocês”. Ele falou sobre temas diversos como a questão política na Venezuela, ajuda humanitária em Angola e a ascenção econômica da China.

Apesar dos acenos a partidos como o União Brasil, que decidiu manter o apoio a Nunes, o PRTB optou por lançar uma chapa puro-sangue.

O influenciador havia dito que o União pediu “sua alma” em troca de apoio. “Ainda bem que eu não dei minha alma. Estou muito feliz que somos nós contra eles”, afirmou.

“Somos o único partido contra o sistema”, disse Avalanche. O dirigente também reforçou que o partido representa a direita conservadora e moderada e utilizou o lema repetido por Bolsonaro: “Deus, pátria e família”.

Ao fim do evento, ele convidou sua família a subir ao palco e apresentou seus filhos – três meninos e uma menina – da numeração 01 a 04, assim como faz Bolsonaro.

Na sequência, a esposa dele, Carol, discursou e, de forma similar à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), disse que Mao marido chegou à política para atender a “um chamado do Senhor”.

Racha no PRTB Desde que Levy Fidelix morreu, há três anos, existe uma disputa interna pelo comando do PRTB, especialmente por parte dos herdeiros do cacique.

O clã Fidelix se desmembrou e transformou o espólio do partido em disputa familiar, com alguns filhos – Levy Filho entre eles – apoiando o comando de Leonardo Avalanche.

Outro grupo, que inclui a viúva de Levy, Aldinéia, se opõe à liderança de Avalanche e, por consequência, à candidatura de Marçal, que foi orquestrada pelo presidente da sigla.

Na convenção, Levy Filho teceu elogios a Avalanche: “É o homem preparado para levar essa legenda onde ela sempre mereceu. Podemos ser pequenos em número de deputados federais, mas sempre fomos grandes no coração das pessoas.”

Há mais de uma ação judicial contestando a legitimidade da ala do PRTB que apoia a candidatura. Nos documentos, há acusações de arbitrariedade por parte de Avalanche nas decisões do partido e até mesmo de ligação do dirigente com o crime organizado.

No entanto, no sábado (3/8), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou uma liminar contra Avalanche.

Estiveram presentes na convenção deste domingo os candidatos a vereador do partido, dirigentes do PRTB e o coordenador do plano de governo, Filipe Sabará, um dos antigos aliados do ex-governador João Doria e secretário de Assistência Social na gestão do ex-tucano na Prefeitura.