O tatuador Adão Rosa, conhecido por atender celebridades, entre elas o jogador Neymar, está em maus lençóis com a Justiça de São Paulo. O profissional foi condenado a pagar R$ 20 mil de indenização por danos morais ao ex-BBB Felipe Prior.
O processo foi aberto pelo arquiteto em janeiro de 2022. Na ação, revelada pelo colunista Peterson Renato, do Hora Top TV, os advogados do autor relatou que “o réu Adão Rosa, atualmente com mais de 800 mil seguidores em seu perfil do Instagram e mundialmente conhecido por ter tatuado celebridades como o jogador de futebol Neymar, teceu alguns comentários no perfil de Felipe Prior tratando-o como ‘ladrão’”.
A treta toda começou no dia 4 de julho de 2020, quando Felipe Prior assinou um contrato com a empresa K2R Smart, para ser o garoto-propaganda do sorteio de um veículo automotor BMW Z4 SDRIVE, um celular iPhone 11 e um Apple Watch. No acordo, a obrigação do ex-BBB era postar a foto oficial do sorteio em sua rede social, gravar 2 vídeos por dia em seu Instagram mencionando a ação publicitária, divulgar o resultado da promoção e zelar pelos bens enquanto estivessem sob sua posse.
No processo, o arquiteto contou que, no dia 19 de outubro daquele ano, tomou conhecimento de que Adão Rosa estava postando “informações falsas, e comentários difamatórios e caluniosos” sobre o autor, que pediu uma indenização de R$ 30 mil. Inclusive, prints foram anexados aos autos.
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Ex-BBB Felipe Prior
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Prior instalou câmera em casa: “Para transar, tem que ter cuidado”
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Processo contra Prior relata comportamento do ex-BBB com a vítima
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Felipe Prior
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Felipe Prior
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Entretanto, Prior afirmou que já fez uma lista de nomes que gostaria de enfrentar
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Ainda de acordo com o relato de Prior, que registrou um boletim de ocorrência denunciando o caso, o ex-BBB teria sofrido um grande prejuízo com a disseminação das postagens do tatuador.
A defesa de Adão Rosa, por sua vez, alegou que não teriam sido três postagens na página de Felipe Prior que causaram abalo ou cancelamento do mesmo nas redes sociais. Para os representantes do réu, o alegado “cancelamento virtual” se deu por culpa de terceiros e do próprio autor da ação, chegando a pedir que a empresa K2R Smart também respondesse ao processo (a denunciação à lide). Com essa alegações, ele pediu a improcedência da ação.
Na contestação, o profissional ainda relatou prejuízos de aproximadamente R$ 90 mil com a aquisição de cotas de patrocínio do sorteio, da promoção, além de propor apagar mensagens.
O juiz Anderson Suzuki, da 3ª Vara Cível do Foro Regional I, Santana, São Paulo, no entanto, não aceitou a argumentação e entendeu que seria cabível a indenização por danos morais, em decorrência das mensagens realizadas de forma pública.
“Os contratos mencionam que a imagem do autor [Felipe Prior] seria utilizada para ter um alcance na rede social Instagram, considerando que se tornara pessoa conhecida em virtude de participação em programa chamado Big Brother Brasil, possuindo 6,9 milhões de seguidores. Esse alcance na rede social também lhe renderia valor em dinheiro por novo seguidor que os patrocinadores conseguissem, através da publicidade do sorteio feita pelo autor”, escreveu o magistrado na sentença.
Suzuki declarou, ainda, que as alegações “no tom que foram realizadas (‘então amigo agora anda com os olhos nas costas pois seu prazo acabou ladrão’ (sic) fl.13) notoriamente tem o poder de causar abalos psicológicos que superam o mero aborrecimento cotidiano, especialmente, em se tratando de rede social, onde o alcance é muito maior, o que gera, no caso dos autos, um alcance negativo relevante capaz de macular a imagem do autor”, determinou.
Além dos R$ 20 mil por danos morais, Adão Rosa ainda terá que arcar com 15% de honorários advocatícios. Ambas as partes apresentaram recurso de embargos de declaração, mas os mesmos ainda não foram julgados.
Felipe Prior fala sobre condenação por estupro Depois de a condenação de Felipe Prior virar notícia, em julho do ano passado, os advogados do ex-BBB resolveram emitir um comunicado sobre o caso. No texto, postado nas redes sociais do arquiteto, a assessoria jurídica afirma que tem certeza da inocência do cliente e fala sobre condenação sem julgamento. Os comentários foram bloqueados na publicação.
“Através do presente comunicado, com pesar, mas profundo respeito, a defesa de Felipe Antoniazzi Prior recebeu informações pelos meios de comunicação da sentença de procedência da ação penal. A qual, inclusive, sequer foi publicada e se encontra em segredo de Justiça”, começou a nota.
E continuou: “A sentença será objeto de Apelação, face a irresignação de Felipe Antoniazzi Prior e de sua defesa, que nele acredita integralmente, depositando-se crédito irrestrito em sua inocência e de que, em sede recursal, lograr-se-á sua reforma, em prestígio à Justiça, reconhecendo-se sua legítima e verdadeira inocência, que restou patentemente demonstrada durante a instrução processual”.
No fim, os advogados de Pior falam sobre condenar uma pessoas sem que o julgamento tenha acontecido: “Reafirmando-se a plena inocência de Felipe Antoniazzi Prior, repisa-se ser esse seu status cívico e processual, à luz da presunção de inocência, impondo-se a ele, como aos demais cidadãos em um Estado Democrático de Direito, como o pátrio, respeito, em primazia ao inciso LVII, do artigo 5º, da Constituição Federal brasileira que preconiza que ‘ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatório’, para que não se incorra em injustiças, como muitas já assistidas, infelizmente, em nosso país”, encerrou.
Comportamento com a vítima O nome de Felipe Prior foi parar nos assuntos mais comentados do Twitter após ele ser condenado, em primeira instância, a seis anos de prisão, em regime semi-aberto, por um caso de estupro ocorrido em 2014 e denunciado em 2020. Além da decisão em si, o que chamou a atenção foi a descrição que o processo fez da forma com que o ex-BBB teria se comportado com a vítima, chamada de Themis. A notícia foi revelada pela coluna Universa, do UOL.
Na decisão, a juíza Eliana Cassales Tosi Bastos, da 7ª Vara Criminal de São Paulo, afirmou não ter dúvidas de que houve crime e detalhou o abuso, afirmando que ele usou força física “segurando-a pelos braços e pela cintura, além de puxar-lhe os cabelos, ocasião em que Themis pediu para ele parar, dizendo que ‘não queria manter relações sexuais’”.
A condenação foi definida no último sábado (8/7), mas Felipe Prior pode recorrer ao processo, que corre em segredo de Justiça, em liberdade. Os autos citam o prontuário da vítima emitido na unidade de saúde onde ela foi atendida. O documento constatou que laceração na região genital.
O processo ainda traz como prova prints de mensagens entre Themis e o réu. Além disso, há os depoimentos dela e do ex-BBB, além de relatos de testemunhas, tanto da defesa quando da acusação.
Ao site, Maira Pinheiro, advogada das vítimas, afirma receber “com muito alívio [a sentença] após três anos e meio de muita luta”: “Nossa cliente foi achacada, nós, advogadas, fomos muito atacadas durante esse processo, e essa condenação vem como reconhecimento de que tínhamos razão desde o início”, afirmou ela.
Ela contou, ainda, que vai recorrer da decisão pelo regime semi-aberto, pois considera a punição leve “dada a brutalidade do crime”. Além disso, ela contesta o fato de ele recorrer em liberdade, já que são três denúncias do mesmo crime: “Esperamos que, nas instâncias superiores, a pena seja aumentada, e o regime seja o fechado”, comentou ela.