A artista plástica Ailema Bianchetti, referência em gravuras realistas, faleceu na madrugada desta quinta-feira (31/10), aos 98 anos. Fundadora do Centro de Realização Criadora em Brasília, Ailema foi uma figura pioneira das artes na capital federal e influenciou gerações com sua obra e seu legado artístico.
Natural do Rio Grande do Sul, Ailema se mudou para Brasília nos anos 1960 a convite do educador Darcy Ribeiro, com a missão de integrar o primeiro corpo docente da recém-criada Universidade de Brasília. Na mudança, vieram o marido, o também artista Glênio Bianchetti, e seus seis filhos, o mais velho com apenas 9 anos.
A vida do casal em Brasília não foi marcada apenas pela arte, mas também pelas dificuldades enfrentadas durante a ditadura militar.
Em 1964, Glênio foi preso junto a outros colegas da UnB por 27 dias, parte das ações repressivas do regime contra intelectuais. Um ano depois, diante de uma lista de demissões que incluía coordenadores de curso, Glênio e mais de 200 professores tomaram a decisão de pedir demissão coletiva, em protesto contra a perseguição aos docentes.
Foi nesse período que o casal decidiu se dedicar exclusivamente às artes plásticas, embora Glênio tenha voltado a lecionar na UnB anos mais tarde. Eles permaneceram juntos até o falecimento de Glênio em 2014.
Ao longo da carreira, Ailema se manteve ativa e conectada ao cenário artístico brasileiro. Em 2018, ela participou do documentário Grupo de Bagé, que retrata o movimento artístico gaúcho focado em gravuras realistas com um olhar crítico sobre questões sociais.