A expectativa em torno da divulgação e da magnitude do pacote de corte de gastos em gestação no governo Lula dominou as atenções no mercado de câmbio doméstico nesta quinta-feira (7). Apesar da onda de enfraquecimento da moeda americana em relação a divisas fortes e emergentes, mitigada apenas parcialmente após a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), o real apresentou fôlego bem limitado.
A taxa de câmbio até ensaiou uma queda pela manhã, quando tocou mínima a R$ 5,6343, mas o dólar ganhou força ao longo da tarde, em meio a rumores de que os cortes em estudo no governo seriam inferiores às expectativas do mercado financeiro. Na máxima, a divisa tocou R$ 5,7237. Após oscilar ao redor da estabilidade na reta final dos negócios, a divisa fechou praticamente estável, cotada a R$ 5,6753 (-0,01%). Na semana, o dólar recua 3,31%. Pares latino-americanos do real, como os pesos mexicano e chileno, apresentaram hoje ganhos de mais de 1%, depois de terem apanhado ontem.
O ministério da Fazenda veio a campo no meio da tarde para tentar acalmar os ânimos, o que mitigou as pressões sobre o real. “É importante ressaltar que tal informação não corresponde ao que vem sendo debatido entre a equipe econômica, demais ministérios e a Presidência da República”, afirmou a pasta, em nota, em referência a estimativas veiculadas de duas medidas fiscais, uma de R$ 15 bilhões, relacionada às áreas de Saúde e Transporte, e outra de R$ 10 bilhões.
Haddad passou o dia em reunião com Lula e os ministros da Casa Civil (Rui Costa), do Planejamento (Simone Tebet) e da Gestão (Ester Dweck) – todos que, junto com o titular da Fazenda, fazem parte da Junta de Execução Orçamentária (JEO). O vice-presidente, Geraldo Alckmin, juntou-se ao grupo à tarde.
Termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em queda ao longo do dia, em aparente ajuste após a disparada ontem, na esteira da vitória do republicano Donald Trump na corrida à Casa Branca. Como esperado, o Federal Reserve anunciou à tarde redução da taxa básica de juros em 25 pontos-base, para a faixa entre 4,50% e 4,75% ao ano.
Analistas chamaram a atenção para o comunicado enxuto, com a exclusão do trecho em que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) citava “maior confiança” de convergência da inflação à meta de 2%. Em entrevista após o comunicado, o chairman Jerome Powell reiterou que vai seguir a estratégia de definir novos cortes de juros a cada reunião de política monetária do comitê.
A decisão de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, de 10,75% para 11,25%, ficou em segundo plano nos mercados hoje. Mais do que a decisão em si, já amplamente esperada, chamou a atenção o alerta do colegiado do BC de que um plano crível de contenção de despesas, com “medidas estruturais”, contribuiria para redução dos prêmios de risco dos ativos domésticos.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Carolina Ferreira