Uma nova pesquisa mostra que a maioria dos adolescentes (70%) entre 11 e 17 anos conseguiu se recuperar das sequelas deixadas pela Covid-19 após dois anos. Esse é o maior estudo de longo prazo sobre os impactos da Covid longa na população mais jovem do mundo.
O “CLoCK – Crianças e Jovens com COVID Longa” considerou dados de 12.632 jovens, principalmente da Inglaterra, e acompanhou a saúde deles durante 24 meses. Os resultados foram relatados na revista Nature Communications Medicine.
O que é a Covid longa?
Em alguns casos, a infecção pode deixar sintomas persistentes, mesmo após a recuperação. Isso é o que chamamos de ‘Covid longa’. Neste estudo, foi considerada uma definição publicada em fevereiro de 2022.
No documento, cientistas chegaram a um consenso de que um jovem poderia ser diagnosticado com a condição se apresentasse sintomas como cansaço, dificuldade para dormir, falta de ar ou dores de cabeça, além de problemas de mobilidade, autocuidado, realização de atividades habituais, dor/desconforto ou preocupação excessiva e tristeza.
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A partir dessa classificação, uma equipe liderada por pesquisadores do Instituto de Saúde Infantil UCL Great Ormond Street realizou um teste com adolescentes entre 11 a 17 anos. O grupo relatou seu estado de saúde três, seis, 12 e 24 meses após passarem por um exame PCR para o vírus da Covid-19 entre setembro de 2020 e março de 2021.
Maioria dos adolescentes se recuperou da Covid longa ao fim do estudo
- Dos mais de 12 mil voluntários, 943 testaram positivo para infecção e relataram seus sintomas ao longo de dois anos de estudo.
- Apenas 223 se encaixaram na definição de pesquisa de Covid longa após três meses do teste. Em seis meses, esse número caiu para 135 jovens, e depois de um ano, para 94.
- Ao fim de dois anos de acompanhamento, cerca de 25–30% dos adolescentes ainda apresentaram os sintomas da Covid longa.
- Dos 233 com a condição, 165 (70%) se recuperaram, enquanto 68 (30%) continuaram apresentando sintomas. Ou seja, a maioria dos voluntários conseguiu se recuperar das sequelas após dois anos.
- Os adolescentes mais velhos e mais economicamente vulneráveis tiveram menos probabilidade de se recuperar.
- As mulheres tiveram quase o dobro de probabilidade de continuar com sintomas da Covid longa comparadas aos homens.
Próximos passos
O estudo CLoCK procura aprofundar o conhecimento sobre causas, sintomas e tratamentos dos efeitos de longo prazo da COVID-19 em pessoas que não ficaram doentes o suficiente para serem internadas no hospital. Agora, a equipe pretende entender o que aconteceu com os voluntários que não se recuperaram em dois anos.
Vale lembrar que o estudo teve suas limitações. Os resultados podem ter sido afetados pela memória dos pacientes e pelos testes de PCR, que ocorreram antes das variantes delta e ômicron. Além disso, embora sintomas como falta de ar tenham sido relatados, entrevistas médicas presenciais para atestar isso não foram viáveis.
Mais pesquisas são necessárias ao redor do mundo, já que este estudo se concentrou principalmente na população da Inglaterra.
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