São Paulo — Aliados do prefeito Ricardo Nunes (MDB) lançaram uma ofensiva, nos bastidores, para tentar minar as candidaturas do apresentador José Luiz Datena (PSDB) e do coach Pablo Marçal (PRTB) nestas eleições. Ambos têm potencial de tirar votos de Nunes entre eleitores mais alinhados à direita, mesmo com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao emedebista.

Ao menos por ora, as entradas de Marçal e Datena na disputa não afetaram a polarização entre o prefeito e o deputado federal Guilherme Boulos (PSol), segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas, divulgado na última terça-feira (25/6). Mas o alerta entre os aliados do prefeito já foi dado diante do crescimento dos dois pré-candidatos em algumas pesquisas.

Em uma das frentes de ação, aliados de Nunes decidiram tomar pé das disputas jurídicas que envolvem o PRTB em São Paulo, que pode retirar do cargo o atual presidente nacional da legenda, Leonardo Alves Araújo, o Avalanche, que apoia Marçal.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, há uma ação em segredo de Justiça com acusações de membros do diretório paulista do partido contra Avalanche e a direção nacional. Para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o partido não tem diretório ativo no estado.

A estratégia é avaliar até se é o caso de dar suporte jurídico aos membros do partido contrários a Avalanche e, consequentemente, Marçal. O coach e empresário já tentou se candidatar a deputado federal nas últimas eleições, mas teve seu registro barrado pela Justiça.

A entrada de Marçal na disputa causou duas mudanças na campanha de Nunes, segundo aliados. A primeira, pública, foi a antecipação da decisão pelo nome de vice na chapa do prefeito, o bolsonarista Coronel Mello Araújo (PL), oficializada na semana passada. A segunda, mais interna, foi dar mais atenção ao monitoramento das redes socias de Nunes e do próprio Marçal, que tem mais de 10 milhões de seguidores só no Instagram.

Marçal quase dobrou o percentual de entrevistados que disseram que votarão nele no levantamento do Paraná Pesquisas divulgado nesta semana, em relação à pesquisa de maio. No cenário sem Datena, ele teve 11,9% das intenções. No levantamento anterior, o índice era 6,9% — Nunes tem 31,1% e está empatado tecnicamente com Boulos, que tem 27%.

De olho em Datena No caso de Datena, embora ainda haja dúvidas sobre a real intenção de o apresentador se candidatar, a equipe de pré-campanha do prefeito não desistiu de costurar um acordo com os tucanos para fazer do PSDB o 13º partido na coligação de Nunes.

A campanha emedebista entende que a aproximação deve ser feita diretamente com o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, e com deputado federal Aécio Neves, que têm grande influência sobre as decisões do diretório municipal, presidido pelo ex-senador José Aníbal.

O PSDB e o Cidadania, que estão unidos em uma federação, têm interesse em obter apoio do MDB em cidades em que o grupo tem chances mais reais de vitória do que na capital, como em Ribeirão Preto, com Duarte Nogueira, e São Bernardo do Campo, com Alex Manente.