InícioEditorialAmigo que acompanhou Robinho em protesto foi citado em inquérito de estupro

Amigo que acompanhou Robinho em protesto foi citado em inquérito de estupro

 
Fabio Galan, o amigo de Robinho que aparece em uma foto que viralizou nesta semana, foi citado na investigação que levou à condenação do brasileiro na Itália pelo crime de estupro contra uma jovem albanesa em 2013. Na época, Galan estava na Europa para ajudar na preparação física de Robinho, que jogava no Milan.
A polícia e o Ministério Público italiano tentaram localizar o amigo de Robinho para que ele prestasse esclarecimentos no inquérito, mas Galan voltou ao Brasil antes de ser achado. Por isso, em um documento no qual o Tribunal de Milão marcou uma das audiências do caso, em 2016, o nome de Galan aparece ao lado da expressão “não encontrável”, assim como outros brasileiros implicados no caso. Sem poder ser citado, acabou não sendo processado.
Seis anos depois, ele reapareceu na imprensa e nas redes sociais por ter posado para uma foto com Robinho durante uma manifestação golpista de bolsonaristas insatisfeitos com o resultado das eleições presidenciais do último domingo.
 
Na imagem, Galan aparece segurando um cartaz pedindo “intervenção federal”, uma expressão frequentemente usada por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Ontem Galan foi procurado para comentar a foto, mas preferiu não dar entrevista ao UOL Esporte. Ao ser questionado sobre a investigação de estupro na Itália, ele bloqueou a reportagem no WhatsApp.

Envolvimento no caso de estupro

De acordo com o depoimento da mulher albanesa à polícia italiana, Galan estava no grupo de amigos de Robinho que a estupraram no dia de seu aniversário de 23 anos, em 21 de janeiro de 2013, em uma boate em Milão. Na sentença de primeira instância, a juíza Mariolina Panasiti fez um resumo do depoimento da vítima e afirmou que ela disse ter feito sexo oral com Galan enquanto estava sem condições de reagir.
No trecho a seguir, traduzido livremente da sentença, foram omitidos os nomes da vítima e de outros amigos de Robinho que estavam naquela noite. No total, seis homens são mencionados durante as investigações como supostos agressores. Apenas dois, Robinho e Ricardo Falco, foram condenados, já que os demais deixaram a Itália antes de serem localizados pelos investigadores.
“Ela (a vítima) acrescentou que se viu cercada por esses homens e reiterou que ouviu Robinho pedir camisinha para (um dos amigos), especificando assim que no início só havia [esse amigo] e Robinho. Depois chegaram os (outros amigos) e Fabio Galan. A moça […] se lembrou da relação oral com Galan e (outro amigo)”, diz o relato que consta na sentença publicada em 23 de novembro de 2017, documento ao qual o UOL Esporte teve acesso.
 
O fato de estar com o grupo naquela noite e de ter sido acusado de manter relações sexuais com a vítima levou Galan a figurar entre os brasileiros investigados pela polícia e pelo Ministério Público no caso.
Além do depoimento da vítima e de testemunhas, a investigação levou em consideração interceptações telefônicas com autorização judicial, nas quais Robinho e seus amigos aparecem comentando o ataque à vítima. Em uma das ligações gravadas entre Robinho e Galan, o jogador afirma que Galan não transou com a vítima por causa de uma disfunção erétil.
Disse Robinho a Galan: “Eu liguei para (um dos amigos) e ele me perguntou se alguém tinha gozado dentro da menina e ela engravidou, eu disse que não sabia porque eu lembro que você e eu não transamos com ela porque seu p… não subia, estava mole… o problema é que a menina falou que (outros amigos) pegaram ela a força.”

Amizade de longa data

Galan é amigo de infância de Robinho e já trabalhou como seu assessor e preparador físico, no Brasil e na Europa. Hoje ele atua também como empresário e tem um quiosque na praia de Santos.

Pedido de extradição

Ontem o Ministério Público brasileiro negou um pedido de extradição de Robinho feito pelo governo italiano. A Itália agora vai pedir para que sua pena seja cumprida no Brasil. Procurado pela reportagem, Robinho também não respondeu às tentativas de contato. Alexander Gutierres, seu advogado de defesa na Itália, afirmou que não se pronunciaria.
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