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Após quase três meses do incêndio, produtores ‘se viram’ sem o Teatro Castro Alves

Fred Soares já tinha tudo certo para abrir as vendas do espetáculo A Cor Púrpura – O Musical, que aconteceria nos dias 3 e 4 de março, na Sala Principal do Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador. Seria o retorno da montagem para a capital baiana após três anos, quando teve turnê interrompida pela pandemia de coronavírus. Faltava só liberar o link quando veio a notícia: naquele 25 de janeiro estava acontecendo um incêndio no teto do TCA.

O fogo atingiu a cobertura do prédio principal do complexo. No entanto, o alarme de incêndio encharcou todo o assoalho do prédio. Segundo a administração do teatro, não houve danos à macroestrutura, mas a água gerou prejuízos paralelos: desde danos a simples materiais de escritório à necessidade de averiguação de toda fiação elétrica.

Nos meses de janeiro e fevereiro, foram cancelados cinco espetáculos no TCA e dois da Sala do Coro, com estorno automático dos valores pagos aos compradores de ingressos. De março em diante, nenhum evento estava anunciado ou com vendas abertas, não gerando novos cancelamentos.

paula froes
Moacyr Gramacho, diretor do TCA, afirma que está sendo realizada a reinstalação do sistema de incêndio (Foto: Paula Fróes) 

Diretor do teatro, Moacyr Gramacho afirmou que estão sendo realizados trabalhos para a reinstalação do sistema de incêndio, que precisa estar zerado para a reabertura do acesso ao prédio principal. Enquanto isso, residentes como o Balé Teatro Castro Alves e Orquestra Sinfônica da Bahia trabalham em outros espaços da cidade. A Osba, por exemplo, anunciou um projeto no Teatro Vila Velha.

 “O Centro Técnico do TCA imediatamente se transferiu ao edifício garagem e está atuando normalmente, mantendo seus apoios sociais essenciais aos espetáculos da Bahia. A Sala do Coro ainda não pode funcionar por conta disso, mas prevemos que será reaberta em um mês, quando também poderemos retomar o uso normal de nossas salas de trabalho”, afirma Gramacho. Mas ainda não há prazo para reabertura da sala principal.

Adaptações

A ausência dos espaços tem mexido com o setor cultural. No caso da Cor Púrpura, Fred Soares e a produção tiveram a ideia de levar o espetáculo para a Concha Acústica. Isso demandou custos, mudança na logística de venda dos ingressos e deixou um prejuízo de R$84 mil, mesmo com a Concha tendo capacidade para 5 mil espectadores, contra 1,5 mil da sala principal.

“Esse ano seria o período de recuperar o fôlego e veio o incêndio, que inicialmente foi tratado como algo superficial, pequeno, facilmente contido. E logo depois soube que o problema era muito maior não pelo incêndio, mas pela água que foi utilizada para conter o incêndio. Sempre me questionei o porquê da gestão do TCA nunca se posicionar publicamente sobre o que aconteceu de fato, falar para a classe o que houve, os danos, as providências. Nunca houve esse diálogo. Eu fiquei sabendo porque tinha eventos programados lá”, diz Soares, criticando o diálogo do TCA com os produtores.

“A Concha Acústica requer segurança, portaria, portaria, grid de luz, posto médico. Equipamentos e mãos de obra que não tinha na sala principal. Na Sala Principal era possível vender ingressos setorizados. Na Concha, precisei vender a preço popular”, completa, alegando que, apesar das críticas, contou com apoio do Teatro para fazer toda a mudança e conseguir dar conta das modificações.

Além da Cor Púrpura, foi remanejado para a Concha o Baile Concerto da Osba, que ocorreu no dia 11 de fevereiro. O comediante Marco Luque faria uma apresentação no dia 2 de Abril, ainda sem vendas abertas, e que foi cancelada. Adriana Calcanhotto cancelou o show que faria na sala principal no dia seguinte ao evento. O Balé Folclórico cancelou as apresentações de Viramundo e O Balé Que Você Não Vê.

Também foi cancelada a entrega do título de Doutor Honoris Causa a Gilberto Gil, entregue pelo Instituto Federal da Bahia (Ifba), que seria em 7 de fevereiro e acabou realizada no dia 15 de março, na Reitoria do Instituto. único evento previsto para a Sala do Coro, Koanza: do Senegal ao Curuzu, do ator Sulivã Bispo, foram canceladas dando reembolso para o público.

Produtora do espetáculo Trinca, um dos aprovados no edital de dinamização do TCA – que ofereceu valores mais acessíveis para pautas na Sala do Coro – Jessica Dantas conta que houve uma primeira remarcação do espetáculo de hip hop por conta de um caso de covid-19 na equipe e depois um outro adiamento pelo incêndio.

“A comunicação do complexo com a gente trouxe frustração. Logo após o incêndio houve muitos cancelamentos de projetos parecidos com o nosso e com a gente sempre houve uma demora mais para ter um retorno”, explicou. Ela relatou dificuldade para conseguir informações do teatro e conta que foi questionada sobre querer remarcação – o que foi escolhido pela equipe do Trinca.

“A gente desenhou o projeto para o espaço teatral e ficamos numa posição de quem está deixado de lado. Após a gente falar que desejamos a remarcação, não tivemos mais retorno. A gente está numa posição de aguardo sem entender o que precisa para colocar o projeto adiante”, completa a produtora.
 

Nova realidade

Diretora-executiva da Osba, Alessandra Serra relata que foi difícil identificar espaços para ensaios que comportem o tamanho da orquestra, mas já há dentro de sua gestão um esforço de realizar apresentações fora do TCA, especialmente desde a chegada de Carlos Prazeres – há 10 anos na regência.

“Já tínhamos feito outros concertos no Teatro Vila Velha, como em 2018 pela Série Mãe Menininha. Então, foi uma oportunidade de voltarmos a ocupar este espaço cultural histórico de Salvador. Por já termos este hábito de promover apresentações em outros espaços, conseguimos nos adaptar, até que a Sala Principal do TCA esteja novamente disponível”, explica a diretora.

Os instrumentos musicais e a sala de ensaios não foram afetados pelo incêndio. Enquanto isso, a Orquestra vai passeando: há previsão de viagem para três municípios da Bahia e nos próximos dias 14 e 15, às 19h, apresenta o Concerto dos Quatro Elementos no Vila Velha. 

O evento terá a execução das obras El Amor Brujo: Dança Ritual do Fogo, do compositor espanhol Manuel de Falla; Abertura Brasília, do compositor brasileiro Mario Ferraro; Prelúdio à Tarde de um Fauno, do compositor francês Claude Debussy; e Sheherazade, Op.35, do compositor russo Nikolai Rimsky-Korsakov.

Os ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), e estão à venda através da plataforma Sympla.

 

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