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As viagens de Mário Edson: exposição e calendário trazem registros em 12 países

Aos 14 anos, Mario Edson fez seu primeiro ensaio fotográfico sem saber exatamente o que estava produzindo. Tinha uma câmera nas mãos e uma ideia na cabeça. Hoje, já homem feito e fazendo jogo duro para falar a idade, ele conta que seu pai rememora algumas coisas de sua adolescência que acabaram indicando o caminho que ele seguiria na vida, apesar de  ter se formado em desenho. E lá se foram 21 anos de carreira.

O pai, seu Edson Antônio, e a mãe, Lucília, foram dois dos seus maiores incentivadores e até hoje acompanham de perto o trabalho do filho. “Eu nem me via assim. Comecei a me dedicar mais, meus pais apoiavam pra caramba com material, máquina, até calhar que a coisa cresceu, estabeleci um lugar no meio fotográfico em Salvador, mesmo sem nenhuma formação oficial, nunca fiz curso nenhum de fotografia, sempre foi na percepção”, conta Mario Edson.

Na segunda-feira (12), ele lançou dois de seus projetos mais queridos no ME Ateliê Fotógrafico, que fica na casa de nº 6 da Ladeira do Boqueirão: inaugurou duas exposições e fez o lançamento de seu já tradicional calendário físico, que este ano vem com fotografias de 13 viagens que fez ao redor do mundo. Seu Edson e Dona Lucília receberam o material em primeira mão. 

A segunda exposição reúne  17 fotografias que fez do espetáculo Viramundo, encenado pelo Balé do Teatro Castro Alves em homenagem os 80 anos de Gilberto Gil. Além disso, traz uma pintura a óleo sobre tela representando o cantor, produzida pelo artista Rogério Silva.

“Vejo que há muita comoção e mobilização para homenagens depois da morte. Não gosto que as coisas sejam assim. A gente precisa valorizar, amar, homenagear as pessoas aqui e agora. Ter Gil nessa exposição foi praticamente um chamado, tinha alguma coisa que estava atraindo pra isso”, contou Mario Edson, em entrevista no casarão com mais de 300m² onde funciona o Ateliê e também é  sua casa desde 2017.

O chamado de Gil

O chamado, explica, é porque a homenagem não iria acontecer. Ele estava atarefado com a residência artística do Ateliê que, neste ano, homenageou o escritor José Saramago com uma grande exposição; também tinha as demandas da exposição do calendário e uma viagem a trabalho para o Marrocos, onde ficou por 7 dias em novembro. Já fazia tempo que Mário Edson  queria dedicar algum trabalho a Gilberto Gil, mas faltava tempo para fazer as coisas direito, como o próprio artista explica.

O Viramundo foi a oportunidade certa. Ele já tinha em casa a obra de Rogério Silva e, quando se propôs a fazer a cobertura do espetáculo, sentiu o chamado. A homenagem ia sair. E assim decidiu inaugurar duas exposições de uma vez só.

”O sonho que eu tinha era ter um espaço para trabalhar, expor, ser grande. Galeria em Salvador é complicada, a pauta é complicada, não tem demanda. Bateu na telha essa loucura de procurar uma casa maior, para poder fazer minhas coisas, e também dinamizar outras carreiras. É assim que a gente funciona hoje”, disse, ressaltando que não tem apoios e consegue manter o Ateliê a partir das vendas de suas fotografias e convites que recebe para trabalhos no exterior.

foto mário edson
Uma das 12 imagens do calendário (Foto: Mário Edson/Divulgação)

Pelo mundo

Essas vivências fora do Brasil são o mote de seu calendário e da exposição a partir dele. O calendário é vendido a R$ 20 e tem imagens feitas na Alemanha, Argentina, Áustria, Cuba, Espanha, França, Hungria, Itália, México, Peru, Portugal, República Tcheca e Vaticano. A curadoria selecionou 12 entre mais de 17 mil fotos de suas viagens. O critério, segundo o artista, foram as fotos que o impactaram mais, pessoalmente, não só pela beleza, mas pelo valor histórico. 

Mário diz que a inspiração para esta edição veio após o isolamento causado pela pandemia do coronavírus. Por isso o título Por Aí Ele explica que nesse período foi possível refletir mais sobre os prazeres de viajar. “Não há experiência mais edificante do que ser estrangeiro, até mesmo em nosso próprio país ao desbravar lugares, valores e costumes de povos outros, que não aqueles com os quais convivemos cotidianamente. Existem vários tipos de viagens, são muitos os elementos que nos proporcionam viajar, além, evidentemente da imersão maior que é o deslocamento físico”, resume. ME Ateliê (Santo Antônio Além do Carmo). Visitação gratuita até o 31 de janeiro, de quinta a domingo, das 16 às 19h.

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