InícioEditorialPolítica NacionalBanco Central desacelera ritmo de cortes e Selic fica a 10,5%

Banco Central desacelera ritmo de cortes e Selic fica a 10,5%

Com incertezas fiscais na mira, a autoridade monetária antecipou o corte de 0,25 ponto percentual no juro base

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela influencia diretamente as alíquotas que serão cobradas de empréstimos, financiamentos e investimentos. No mercado financeiro, impacta o rendimento de aplicações; na imagem, um homem passa na fachada do Banco Central, em Brasília Sérgio Lima/Poder360 – 2.mar.2017

Gabriel Benevides 8.mai.2024 (quarta-feira) – 18h36

O BC (Banco Central) decidiu nesta 4ª feira (8.abr.2024) reduzir a Selic em 0,25 p.p (ponto percentual). A taxa básica de juros caiu de 10,75% para 10,50% ao ano. Eis a íntegra do comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) (PDF – 126 kB).

Havia 6 reuniões que a autoridade monetária diminuía o indicador 0,5 ponto percentual (duas vezes mais que o corte atual). Ou seja, houve uma desaceleração em relação à política que estava sendo tomada pela instituição desde agosto de 2023.

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela influencia diretamente as alíquotas que serão cobradas de empréstimos, financiamentos e investimentos. No mercado financeiro, impacta o rendimento de aplicações. 

O indicador agora está no patamar mais baixo desde dezembro de 2021, quando era de 9,25%.

Leia abaixo o histórico da Selic:

PLANOS ANTECIPADOS O Banco Central havia indicado em março que a reunião desta 4ª feira (8.mai) seria a última com queda de 0,50 p.p. Assim, esperava-se que a Selic ficasse em 10,25%. A intensidade dos cortes iria diminuir só a partir de junho.

Entretanto, 2 fatores centrais provocaram a antecipação do BC: 

1) a mudança na meta fiscal pela equipe econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT); 2) a manutenção dos juros no intervalo de 5,25% a 5,50% pela 6ª vez pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).  O mercado estava dividido quanto às projeções para o corte da Selic na reunião de maio, mas os analistas foram cada vez mais direcionados a apostar nos cortes menores já em maio.

O presidente da autoridade, Roberto Campos Neto, tem sido crítico sobre a mudança de meta fiscal pelo governo. 

Encabeçada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a equipe econômica de Lula propôs ter um superavit primário de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2025. Mas, depois, mudou para um deficit zero no período –o mesmo objetivo de 2024.

Na prática, o governo atrasou um resultado que seria mais favorável para o equilíbrio das contas públicas.

Campos Neto tem defendido que a política monetária anda em conjunto com a política fiscal. O economista disse no dia de alteração da meta que “o ideal não é mudar e sim garantir que haverá todo o esforço possível para atingi-la”.

A política monetária e fiscal são diferentes. Entenda abaixo:

monetária – controle da oferta de dinheiro e taxas de juros pelo Banco Central para regular a atividade econômica; fiscal – decisões do governo sobre gastos e arrecadação com impostos para influenciar a economia. “Fizemos uma correção [monetária] grande, só que se a gente precisava fazer, vamos dizer assim, uma correção fiscal […] Se a gente perde a âncora fiscal, o trabalho monetário fica mais difícil de fazer”, declarou o presidente do BC em 29 de abril.

O JOGO POLÍTICO Aliados de Lula haviam se posicionado contra um corte de 0,25 ponto percentual da Selic. O resultado da reunião desta 4ª feira deve fomentar mais críticas dos governistas ao Banco Central, especialmente ao presidente Campos Neto.

O Poder360 conversou com congressistas ligados ao presidente no domingo (5.mai) e perguntou qual a opinião deles sobre uma desaceleração no ritmo dos cortes. Eis o que responderam:

Gleisi Hoffmann (PT-PR) – a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores afirmou que o resultado mostraria a “atuação política” de Campos Neto; Lindbergh Farias (PT-RJ) – o deputado federal disse que o presidente do BC tenta “atrapalhar o governo”. Ele acusa o economista de se aproveitar da mudança de meta, segundo ele, já esperada, para fazer o corte menor; Zeca Dirceu (PT-PR) – o deputado defende maiores cortes por avaliar que a inflação está controlada. “Deveria ser maior que 0,5 p.p há muito tempo. Nada justifica reduzir ritmos dos cortes. Se isso ocorrer, será péssimo ao desenvolvimento do país”, disse. JUROS X INFLAÇÃO Antes do início do ciclo de cortes, o juro base estava em 13,75%, em agosto de 2023. O Banco Central deixou a Selic neste patamar por 1 ano. 

A razão pela manutenção da taxa elevada é controlar a inflação. O crédito mais caro desacelera o consumo e a produção. Como consequência, os preços tendem a não aumentar de forma tão rápida.

Medida oficialmente pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a taxa acumulada da inflação em 12 meses está em 3,93% –abaixo dos 4,50% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

A meta de inflação do Brasil em 2024 é de 3%, mas tem intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Portanto, ainda será considerado dentro da meta caso o indicador fique de 1,5% a 4,5%.

O COPOM A reunião do Copom é a 3ª com 4 nomes indicados pelo presidente Lula.

O Banco Central é uma instituição com autonomia operacional. Os 8 diretores e o presidente têm mandatos de 4 anos -que não coincidem com o período eleitoral do Poder Executivo. 

Lula só conseguirá obter maioria das cadeiras em 2025, quando Campos Neto e outros 2 diretores terminam o mandato.

Os indicados de Lula são:

Gabriel Galípolo (Política Monetária) – assumiu o cargo em 12 de julho de 2023; Ailton Aquino (Fiscalização) – assumiu o cargo em 12 de julho de 2023; Rodrigo Teixeira (Administração) – assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2024; Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos) – assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2024. Leia no infográfico abaixo os quem são os diretores e a duração de seus mandatos:

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