Pela primeira vez, Billie Eilish, 20, falou abertamente sobre a Síndrome de Tourette, transtorno com que foi diagnosticada aos 11 anos. A conversa aconteceu com o apresentador David Letterman na quarta temporada do programa My Next Guest Needs No Introduction, que acaba de chegar á Netflix.
“Fico muito feliz em falar sobre isso”, começa por dizer. “Na verdade, adoro responder a perguntas sobre o assunto, porque é muito, muito interessante. [Mas] Estou um pouco confusa, ainda não percebo tudo”, nota.
Eilish notou que os seus tiques, efeitos da síndrome, incluem mexer as orelhas, levantar as sobrancelhas e mexer o braço. “São coisas que nunca notarias se estivesses a ter uma conversa comigo, mas para mim são muito cansativas”, notou. Além de falar sobre o distúrbio, diagnosticado quando era criança, Eilish também comentou sobre fama e música. “O engraçado é que tantas pessoas têm que você nunca saberia,” afirmou.
Em seguida, Letterman pergunta se falar sobre a condição piorou. “De jeito nenhum,” responde Billie Eilish.
“Eu realmente amo responder perguntas sobre isso, porque é muito, muito interessante. E sou incrivelmente confusa com isso. Não entendo.” Eilish continuou e disse como tinha “pequenos” tiques quando era criança: “Para mim, são muito cansativos,” mas explicou ter “feito amizade com isso agora.”
Veja o momento da entrevista de Letterman com Eilish:
Entenda a síndrome de Tourette, doença que a cantora Billie Eilish anunciou ter
A Síndrome de Tourette é uma condição do sistema nervoso caracterizada por tiques que podem variar desde movimentos físicos até a verbalização involuntária de palavras e frases simples ou mesmo expressões de baixo calão, conforme descreve o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos.
Os tiques são divididos em simples e complexos: o primeiro grupo envolve apenas algumas partes do corpo e pode ser, por exemplo, o ato corriqueiro de apertar de olhos ou a ação de cheirar; já o segundo pode ter um padrão, como balançar a cabeça durante um pulo, ou um após o outro. Além disso, segundo o CDC, os tiques vocais podem ser atos como cantarolar, limpar a garganta ou gritar palavras e frases. São considerados raros os tiques que envolvem a utilização de frases ou palavras inapropriadas, a chamada coprolalia. Apesar de a síndrome ter caráter hereditário, suas causas são desconhecidas.
De acordo com o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento, os primeiros sinais da síndrome de Tourette costumam aparecer entre os 4 e os 6 anos de idade, intensificam-se por volta dos 10 e costumam ir diminuindo ao longo da adolescência até desaparecem espontaneamente, na grande maioria dos casos.
Ainda segundo o manual médico, a síndrome de Tourette pode afetar cerca de 20% das crianças, apesar de nem todas serem diagnosticadas ou mesmo avaliadas com a condição. A incidência é maior entre homens, com a proporção de três casos entre meninos para cada um entre meninas.
O diagnóstico é clínico e o tratamento, que pode incluir intervenção comportamental e uso de medicamento antipsicótico, pode ser indicado quando os tiques interferem na vida da criança. No geral, a síndrome de Tourette em crianças também pode estar associada a outros distúrbios, como transtornos de déficit de atenção e hiperatividade, ansiedade ou transtorno obsessivo-compulsivo, depressão e distúrbio bipolar – condições que também carecem de diagnóstico e tratamento adequado.