Ex-presidente criticou ação contra o tenente-coronel Mauro Cid e o sargento Luis Marcos Reis, presos por supostas fraudes em dados de vacinação
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
Foto de arquivo de 24/02/2021 do então presidente Jair Bolsonaro acompanhado do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-chefe do Executivo, durante cerimônia de posse de João Roma como ministro da Cidadania de seu governo, e de Onyx Lorenzoni na Secretaria-Geral da Presidência, no Salão Nobre, em Brasília. A Polícia Federal (PF) faz buscas na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro na manhã desta quarta-feira, 03, no âmbito da Operação Venire, que prendeu hoje o tenente coronel Mauro Cid. O foco da operação da PF é sobre a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19 no sistema do Ministério da Saúde. 25/02/2021
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que as prisões preventivas de dois de seus ex-auxiliares têm dois objetivos: forçar uma delação premiada e atingi-lo. O mandatário comentava sobre a CPMI do 8 de Janeiro quando citou espontaneamente o tenente-coronel Mauro Cid e o sargento Luis Marcos Reis, presos em maio durante operação da Polícia Federal contra fraudes em dados de vacinação da Covid-19,e criticou os mais de 90 dias de prisão dos ex-ajudantes. “Se fossem culpados, podem até ser, não sei, não seria passível dessa preventiva que estão sofrendo agora. O objetivo é sempre aquela história de uma delação premiada. Vai delatar o quê? E a outra [história] é me atingir”, afirmou em entrevista ao podcast Te Atualizei, divulgada no último domingo, 13. O canal não informou quando o especial do Dia dos Pais com o ex-presidente foi gravado. No entanto, Bolsonaro não fez qualquer manifestação sobre o caso das joias e a operação da PF da última sexta-feira, 11, com buscas a endereços do pai de Cid, o general Mauro César Lourena Cid, e contra o advogado Frederick Wassef, que defendeu Bolsonaro e seus filhos em acusações como a do suposto esquema de rachadinhas de salários no Rio de Janeiro.
Como o site da Jovem Pan mostrou, a Operação Lucas 12:2 investiga a suposta negociação de itens como joias, relógios e pedras preciosas recebidos de países como a Arábia Saudita para lucro pessoal. Além do pai de Mauro Cid e de Wassef, o tenente Osmar Crivelatti, considerado braço-direito do ex-ajudante de ordens, também foi alvo de mandados. Na última sexta, em nota, Bolsonaro reiterou que “jamais se apropriou ou desviou quaisquer bens públicos, colocando à disposição do Poder Judiciário sua movimentação bancária”. A Polícia Federal já solicitou ao Supremo Tribunal Federal a quebra de sigilos fiscal e bancário de Jair Bolsonaro e quer ouvir o ex-presidente em depoimento. No domingo, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) também disse que a Presidência da República seguiu fielmente “todas as recomendações” do TCU no caso das joias, compartilhando postagem que fala que os itens são de “natureza personalíssima ou de consumo direto do presidente”.