Ir à loja do seu clube do coração, escolher uma camisa e ouvir do atendente que o modelo escolhido não está disponível no seu tam anho. Uma situação que para muitos acontece de forma pontual, mas para mulheres gordas já ‘faz parte da rotina’. A recepcionista Daniela Borges, 38 anos, é apaixonada pelo Bahia. Na hora de comprar a camisa do time, porém, sempre passa pelo mesmo constrangimento.
“Nunca tem do meu tamanho no modelo feminino, que está acima do G. Tenho sempre que comprar a masculina”, conta. Por isso, o coletivo ‘Vai ter Gorda’ organizou, nesta sexta-feira (21), um ensaio fotográfico com mulheres gordas que torcem pela dupla Ba-VI uniformizadas com as camisas dos dois times, sendo algumas delas acompanhadas pelos filhos.
Carliane São José, 32, que é torcedora do Vitória, explica que participa do ato com a intenção de chamar a atenção dos clubes para a necessidade de produzir uniformes pensando também nas mulheres gordas. Para ela, é uma frustração ver que os uniformes não são feitos para mulheres gordas.
“A gente sempre passa por isso em lojas de departamento e, até quando queremos torcer para o nosso time de coração, não tem do nosso tamanho e precisamos utilizar as camisas masculinas. As pessoas não entendem como isso machuca e fere. Precisamos dos números maiores e de padrões femininos.
Seja no Vitória ou no Bahia, as torcedoras reclamam da disponibilidade de camisas G1, G2 e G3 para mulheres. No caso do Leão, Carliane diz que “só tem P, M e G, que não cabem em corpos como o meu”. No site do Leão, há modelos GG, mas que não comportam todos os corpos.
Já no Bahia, até é possível encontrar modelos camisas GG e 3G para as mulheres, mas as torcedoras reclamam que estas estão sempre indisponíveis por conta da produção limitada. As assessorias dos dois clubes foram procuradas, mas não responderam até o fechamento desta matéria.
No ensaio, os filhos das mulheres do ‘Vai ter Gorda’ também participaram. Daniela Borges lado das filhas Raquel, 8, Rebeca, 15, e Thailane, 20.
A costureira Daniela Rodrigues, 40, que sempre vai ao estádio com a filha Camila Rodrigues, 17, quer o mesmo. Além de dividir a torcida, quer também poder dividir o mesmo modelo de uniforme da cria, sem precisar usar camisas masculinas.
Foto: Arisson Marinho