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Câncer no cólon: saiba como é possível prevenir e diagnosticar a doença precocemente

Todo câncer carrega consigo um mistério: as causas são sempre multifatoriais e  às vezes nem os médicos conseguem mapear quando e por que em um corpo antes saudável agora crescem células malignas. Mas no caso do câncer colorretal – causa das mortes de Pelé e Roberto Dinamite -, a ciência já avançou em pelo menos um aspecto: como, passo a passo, prevenir ou aumentar as chances de cura deste que é o terceiro tumor mais letal do mundo.

Desde a morte de Pelé, em 29 de dezembro do ano passado, o câncer no colón (segmento do intestino grosso e o reto) invadiu o vocabulário da população. Mais ainda depois da morte do também ídolo do futebol, Roberto Dinamite, por conta de um tumor no intestino, no dia 8 de janeiro. Na última semana, a cantora Preta Gil tornou o diagnóstico dela público – antes, Simony compartilhou a busca pela cura.

Embora as estatísticas elejam o câncer no cólon como o terceiro mais letal, atualmente, no Brasil, as expectativas de um diagnóstico precoce e de cuidados cotidianos podem não só minimizar o sofrimento como evitar casos. Ano passado, 935 mil pessoas morrem vítimas da doença ao redor do mundo.

As principais causas conhecidas de câncer no cólon são a hereditariedade – ou seja, ter mãe, pai, avô ou avó diagnosticados com a doença – e o estilo de vida. Contra a natureza, não dá para brigar. Mas é possível remediar esse potencial destrutivo e para quem a hereditariedade não é um problema, vencer hábitos destrutivos. Rodrigo Felipe, gastroenterologista e coordenador científico do Itaigara Memorial, indica o passo a passo do que é possível fazer.

O material científico disponível já comprovou, por exemplo, que o sedentarismo aliado a um alto porcentual de gordura no corpo podem ser fatores de risco para o aparecimento de tumores no cólon. 

“O estilo de vida é fator de risco e isso já sabemos. Em pacientes com Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 24,9 kg/m (saiba como calcular seu IMC ao fim desta reportagem), a quantidade de gordura no intestino gera um estado de inflamação crônica do organismo que vai estimular alterações biológicos que podem estimular células cancerígenas”, explica o médico, pesquisador e especialista pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva.

Isso não significa que pessoas com IMC dentro do índice esperado estão livres. O Instituto do Câncer (Inca) destaca que, mesmo entre pessoas visualmente magras, por exemplo, pode haver elevado nível de gordura corporal. 

Uma vida fisicamente ativa – a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 300 minutos semanais de atividade física – aliada a uma dieta rica em fibras e laticínios também são recomendadas na prevenção contra tumores no cólon. 

“A atividade física ajuda o funcionamento do intestino. Se há consumo desses nutrientes e você se exercita, o trânsito entre a entrada do alimento e a saída das fezes é menor. Essa redução diminui a carcinogênese, processo de formação do câncer”, explica o gastroenterologista.

Outros métodos de prevenção são limitar o consumo de carnes processadas (como salsicha) a 50 gramas por dia e o de carne vermelha a 500 gramas por semana. E, por fim ela: a bebida alcóolica e o cigarro.

“É preciso ter cuidado para não ultrapassar 30 gramas de etanol, o que corresponde a duas latinhas de cerveja ou três chopes ou três tacinhas de vinho. Sobre o tabaco, seus efeitos letais já são bem conhecidos”, diz Rodrigo Felipe

Como funciona o diagnóstico e cura do câncer colorretal  

No último dia 8 de janeiro, a cantora Preta Gil foi internada às pressas na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. As fortes dores abdominais que sentiu naquele dia a levaram ao hospital e são um alerta de possíveis casos de câncer colorretal.

Os principais sintomas da doença variam e podem incluir sangue nas fezes (nem sempre sangue nas fezes indica câncer), diarreia e prisão de ventre alternados, dor ou desconforto abdominal, fraqueza e anemia, perda de peso sem causa aparente, alteração na forma das fezes (fezes muito finas e compridas) e massa abdominal (tumoração).

No ano passado, de acordo com dados do DataSus, 693 pessoas foram diagnosticadas com a doença no estado da Bahia. A maioria delas (56 casos), pessoas na faixa etária entre 55 e 59 anos – os registros deste ano ainda não estão disponíveis. O número tinha sido maior em 2021, quando os diagnósticos da doença somaram 1.345.

O exame mais recomendado para descobrir se os sintomas indicam tumor no reto ou intestino grosso é a colonoscopia. Sedado, o paciente tem o reto e intestino analisados por uma pequena câmera em procedimento que resulta em fotografias e vídeos analisados pelo médico. Antes do exame, o paciente segue uma dieta específica por dois dias. Se forem detectadas lesões percursoras de câncer, a remoção acontece no momento do exame.

“É um exame que já pode curar, a depender do tamanho da lesão”, indica o gastoenterologista Rodrigo Felipe.

Na rede privada, o exame custa de R$ 400 e R$ 2 mil. A variação de preço acompanha o nível de especialidade da equipe médica e a qualidade da clínica, por exemplo. Em Salvador, as referências na rede pública são os hospitais Das Clínicas e o Roberto Santos. Para acessá-los, é preciso de regulação a partir de uma unidade básica de saúde. Nem sempre é rápido – ou simples. Tanto é que, até agosto do ano passado, o número de processos movidos contra o governo estadual por questões relacionadas à regulação geral cresceu 363% em comparação a 2021. 

Além da dificuldade de acesso, um desafio ao diagnóstico precoce são os assintomáticos. Por isso, o recomendado é que, a partir dos 45 anos (quando a incidência da doença cresce) a realização de exames seja anual. Em uma pesquisa realizada por um grupo de estudos do curso de Medicina da Unifacs, a partir de dados de mortalidade entre 2008 e 2018, notou-se que, antes dos 40 anos, a mortalidade observada pela doença era quase nula.

“A partir dos 50, existiu um aumento significativo da taxa de mortalidade, especialmente entre os homens”, frisou Louriane Cavalcanti, professores e orientadora da pesquisa. 

 
Para a médica, hábitos de vida ou maior acesso aos métodos de diagnóstico podem estar relacionados a esse aumento. No próximo mês de março, como de costume, acontecerá o Março Azul, campanha de sociedades médicos que leva exames de diagnóstico de câncer colorretal a locais afastados de metrópoles e/ou de “difícil acesso”. “Muitos que têm sintomas já encontraram dificuldade de fazer exame, imagine aqueles sem”, conclui Louriane. 

Hoje, a comunidade científica já discute, conta a pesquisadora, a expansão do uso de métodos de triagem para o diagnóstico de câncer colorretal. “Discutimos métodos sensíveis de triagem, como a detecção de hemoglobina humana (sangue) nas fazes com métodos específicos, como imunoquímicos ou DNA. Quem testasse positivo, iria para a colonoscopia”.

Na opinião dela, seria uma forma “de triar grandes populações como a nossa”, em meio às dificuldades de acesso à rede pública de saúde. 

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