O show da banda norueguesa Mayhem, acusada de fazer apologia ao nazismo, foi cancelado de última hora, nesta quarta-feira (22/3), em Brasília. O evento ocorreria no Guará, região administrativa do DF, à revelia do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), que recomendaram a suspensão da venda de ingressos e o cancelamento da apresentação.
No local, antes da show, – marcado para 21h30 – havia pelo menos cinco viaturas da Polícia Militar (PMDF) e agentes do DF Legal. Pressionados com a presença das autoridades, os organizadores do evento subiram ao palco, minutos antes do horário previsto para a entrada dos músicos e anunciaram que o show não ocorreria.
O advogado da produtora responsável pela banda foi quem fez o anúncio que a Mayhem não se apresentaria mais. Cerca de 40 pessoas, então, foram obrigadas a deixar o espaço.
“Culpa dessa p*rra desse PSol”, disse um espectador, revoltado. Após o cancelamento do show, mais viaturas da PM chegaram ao local, além de carros do Departamento de Trânsito (Detran-DF).
Veja mobilização das forças de segurança para encerrar o evento:
O ingresso estava sendo vendido a R$ 200 na bilheteria do bar. Com o cancelamento, às 22h, a casa de shows fechou as portas. O público que comprou ingressos para o show da banda, ficou do lado de fora. Ninguém da produção informou quanto à devolução do dinheiro
PolêmicasO Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recomendaram a revogação de licença ou alvará referente ao show da banda norueguesa Mayhem, o descadastramento e a tomada das providências necessárias para que o evento não seja realizado, além da interrupção da divulgação e venda de ingressos.
O documento, enviado para a Administração Regional do Guará, Secretaria de Segurança Pública do DF e para as empresas Clube do Ingresso e JFC Produções e Eventos, avalia que a liberdade de expressão “não pode implicar na aceitação jurídica da promoção de discurso de ódio e/ou do ataque, em espaço público ou privado, de qualquer indivíduo, grupo ou coletividade”.
A recomendação é assinada por membros dos Núcleos de Direitos Humanos e da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, bem como da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do MPF.
Em uma representação enviada MPDFT, o deputado distrital Fábio Felix (PSOL) afirmou que o grupo “possui histórico de cometimento de atos em defesa da ideologia nazista, por meio da utilização de trajes e símbolos alusivos ao regime de extrema direita”.
“No centro dos discursos de ódio está o vocalista da Banda, Attila Csihar, que admitiu a utilização de tais símbolos e a ideologia de extrema direita supremacista adotada pela banda”, diz o texto enviado ao Ministério Público.
A Polícia Civil afirmou, na última semana, que estava monitorando o caso, tendo em vista o histórico de discursos racistas e homotransfóbicos. A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) está a frente da apuração.