A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados realizou uma audiência para debater a inclusão do nome de João Cândido Felisberto, líder da Revolta da Chibata, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. O comandante da Marinha, almirante Marcos Olsen, enviou uma carta ao presidente do colegiado, deputado federal Aliel Machado (PV-PR), explicando a oposição da Força Naval à homenagem. O projeto, de autoria do ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ), foi aprovado pelo Senado em 2021 e recebeu parecer favorável da relatora na Câmara, deputada Benedita da Silva (PT-RJ). Na carta, o almirante Olsen descreve a Revolta da Chibata como um episódio de “opróbrio da história, cujo estopim se deu pela atuação violenta de abjetos marinheiros que, fendendo hierarquia e disciplina, utilizaram equipamentos militares para chantagear a Nação”.
Os revoltosos buscavam aumento de salários, exclusão de oficiais considerados indignos e regime de trabalho menos exigente. Olsen ressalta que os castigos físicos nos navios foram reconhecidos como equivocados, e os insurgentes, anistiados. Para a Marinha, incluir o nome de Cândido no Livro dos Heróis da Pátria seria enaltecer um “heroísmo infundado” e transmitir uma “mensagem negativa”. A Revolta da Chibata ocorreu em 1910 nos navios da Armada na baía da Guanabara, com os amotinados apontando os navios para o Rio de Janeiro em busca de suas reivindicações. Após seis dias, o governo cedeu, os castigos cessaram e os revoltosos foram presos e expulsos da Marinha. Em 2008, Cândido e outros marinheiros foram anistiados. Desde então, o líder insurgente se tornou um herói no Rio de Janeiro, com estátua na cidade e enredo em escolas de samba. O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, localizado no Panteão da Pátria em Brasília, preserva os nomes importantes da história do Brasil.
Publicada por Felipe Cerqueira
*Reportagem produzida com auxílio de IA