Misture em um mesmo espaço coreografias empolgantes, fantasias suntuosas, enredos encantadores, bailarinos apaixonados, o cancioneiro nordestino e muitas saudades das tradições juninas. O resultado dessa mistura pôde ser conferido na tarde desse domingo (19), durante as apresentações do último dia do Campeonato Estadual de Quadrilhas Juninas, na Praça da Revolução, em Periperi. A competição que teve início na quinta-feira (16) e, durante os quatro dias de realização, lotou as arquibancadas com um público estimado em 2 mil pessoas por dia.
O presidente da Federação Baiana de Quadrilhas, Carlos Brito, era todo empolgação. “Durante os dois últimos anos não pudemos realizar a competição em virtude da pandemia. Então, a expectativa desse ano foi total e teve um sabor especial de retomada e reencontro”, comemorou.
Brito salientou as dificuldades vividas pelas quadrilhas baianas, que amargaram com o prejuízo financeiro em 2020, após investirem na apresentação que não ocorreu naquele ano, além das perdas de brincantes que foram vítimas da covid-19. “Esse ano é marcado pela superação e pela resiliência desses grupos, que atuam com muita dificuldade e esforços próprios para apresentarem os melhores espetáculos”, completou.
Reencontro
Emoção que exalava na excitação da cantora Sônia Machado, 45, da Companhia da Ilha, de Itaparica, que foi a campeã de 2019. “Tivemos que nos preparar em um tempo recorde e, agora, fica essa expectativa de ver como o trabalho será apresentado ao público”, contou enquanto aguardava a entrada do grupo.
Quadrilheira desde 2013, a cantora disse que os campeonatos sempre foram a oportunidade de encontrar os amigos de outros grupos e de celebrar em grande estilo as tradições juninas. “Enquanto, em anos anteriores, nos preparávamos com mais de um ano de antecedência, neste ano, foram apenas três meses, mas o importante é que estamos aqui e, com fé em São João, nunca mais viveremos algo tão ruim”, completou.
Ofegante pela conclusão da apresentação da quadrilha Asa Branca, que foi campeã nacional, Jeferson Elon, 26, disse que estava vivendo um tsunami de emoções. “Tem três edições que participo do campeonato. Vivemos muitos desafios e tivemos um tempo curtíssimo de preparação, mas foi muito lindo e meu coração transborda de gratidão e felicidade por tudo isso”, garantiu. A quadrilha Asa Branca completa 30 anos de existência e foi aplaudida pelo público com gritos de ‘já ganhou’, mal a apresentação havia sido concluída.
Estreante na competição, a pequena Alana Luiza Garcia, 10 anos, participou pela Germe da Era, que foi a primeira a participar no início da tarde de domingo. “É muito divertido, mas dá um aperto na garganta”, reconheceu. Se depender de Alana, essa será a primeira de muitas competições.
Tradições
Moradora de Periperi, a vendedora Daniela Santos, 38, estava na primeira fila da arquibancada para não perder um único passo de cada uma das apresentações e fez questão de marcar presença ao longo do final de semana. “É um espetáculo maravilhoso e emocionante que vale muito à pena e, se você acha que aqui tá cheio, com certeza precisa ver lá fora. Periperi em peso veio acompanhar essa festa”, complementou cheia de razão.
O Campeonato Estadual de Quadrilhas Juninas está na 13ª edição e contou com o patrocínio do Governo do Estado, por meio da Superintendência de Fomento ao Turismo (Bahiatursa), integrando a programação do São João da Bahia.
No total, 46 quadrilhas, procedentes de todas as regiões da Bahia, participaram da competição, apresentando espetáculos de música e dança, com coreografias tradicionais. Disputaram o grupo de acesso 38 equipes, sendo que as quatro primeiras colocadas subirão para o grupo especial em 2023.
Nesse domingo, só as agremiações do grupo especial disputaram o título de melhor quadrilha junina da Bahia. Entre as quadrilhas, participou a Encantos do Nordeste, de Barreiras; e Forró do ABC, que comemora, em 2022, 40 anos de apresentações.