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Concurso de cosplay tem disputa, fantasias a R$ 2 mil e amor por cultura japonesa

Cada detalhe da roupa, peruca e maquiagem era repassado pela dupla Giovana Augusta, 30 anos, e Gabriela Silva, 26, antes de subirem ao palco como Karen e Hikari. As duas apostaram nas personagens do anime Revue Starlight e saíram vitoriosas do mais tradicional concurso de cosplay do mundo, o World Cosplay Summit (WCS), que realizou uma das seletivas em Salvador, na tarde do último domingo (16), no Salvador Shopping.

A competição internacional reuniu oito duplas fantasias de animes japoneses, personagens de jogos de videogame e criações próprias. Foi a oitava seletiva realizada no Brasil e a maior delas: nas cidades anteriores, a média de competidores variou de três a quatro duplas. 

As apresentações reuniram a comunidade de cosplayers baianos e curiosos por aquela mistura de crianças, adolescentes e adultos fantasiados na plateia. Cada dupla apresentou um trecho da obra escolhida, como coreografias de lutas. As vencedoras apostaram em: “roupas bonitas, meninas fofinhas, músicas legais e lutas”. As fantasias foram costuradas pelas duas, cosplayers há pelo menos 15 anos.

“Desde criança, eu faço isso, quando eu nem sabia o nome”, contou Giovana, enquanto se preparava e relembrava a época em que a avó costurara as roupas das personagens de animes que ela amava ver na televisão. O nome que ela desconhecia era cosplay, ou seja, pessoas caracterizadas como personagens da cultura pop, especialmente aqueles dos quadrinhos ou animes (desenhos japoneses). 

“Quer a sinceridade? A gente adora vencer e o ambiente é gostoso”, acrescentou Gabriela, sobre a razão que as leva para o palco – além do amor pela cultura japonesa. Ela é dentista e Giovana, advogada, mas são sócias em uma empresa de animação de festas. 

A maioria dos competidores eram velhos conhecidos de outras competições e eventos de cultura japonesa. Todos eram de Salvador e disputavam, além de R$ 1,5 mil, uma vaga na final nacional do concurso, que acontecerá em São Paulo no próximo mês.

Quem sair vencedor dessa etapa, irá para a final mundial no Japão – sonho compartilhado pelas amigas vencedoras.

Foto Marina Silva

Fantasias custam de R$ 100 a R$ 2 mil, em média (Foto: Marina Silva)

A etapa baiana do concurso começou às 14h e seguiu com sequência de quiz, apresentações musicais e desfiles de cosplay pelo shopping. “Tenho vontade de competir, mas até agora só assisto mesmo”, compartilhou Ana Cecília, 13, acompanha da mãe, Cristiane Nascimento, que nunca assistiu a um anime. A menina estava vestida dos personagens de Kaisen.

Mãe e filha saíram do bairro do Largo do Tanque para assistir à competição. À beira do palco, uma criança dançava ao som da abertura do anime One Piece. Ele estava fantasiado de Luffy, o protagonista do clássico japonês. 

A comunidade de cosplays baianos ganhou força a partir de 2015, com a criação de grupos específicos. Embora ainda “tímida”, segundo os participantes do evento, é cada vez mais atuante em eventos – mais esperado é o Bon Odori Salvador. 

O WCS começa oficialmente uma hora antes de os competidores subiram ao palco, em uma loja fechada do shopping. É o momento do Vira Vira, quando as três juradas (eram todas mulheres) avaliam os competidores dos pés à cabeça. 

As costuras são analisadas minuciosamente. Se há fios rasgados, tecido sobrando, tudo importa. Um dos integrantes da dupla que ganhou o terceiro lugar, o bartender Silas Lapa até pôs lentes de contato brancas para ficar mais parecido com Dhalsim, do jogo Street Fighter 4. A cabeça era careca tal qual a do homenageado.

O custo das fantasias variou entre R$ 100 e R$ 2 mil – caso das vencedoras -, patrocinados pelos competidores. 

 “É um hobbie caro no entanto qualquer pessoa pode fazer é você pode começar com o que tem em casa. Comecei com uma peruca e calça jeans escura”, explicou Ariana Caiado, coordenadora do evento.

À espera da chegada dos jurados, os competidores conferiam os últimos detalhes. Mochilas pelo chão guardavam objetos que serviam para os últimos ajustes, como fitas adesivas, maquiagens e preparos para efeitos especiais.

Em um frasco de 10 ml, estava o sangue falso preparado por Gabriel Santana, 18, para pingar no rosto de Alef Vinicius, 18. “É feito de açúcar e um corante vermelho”, explicou Gabriel. 

Os dois estavam vestidos de personagens do jogo de videogame The King Of Fighters. Todos eles eram artistas das suas próprias roupas: ou costuraram diretamente as fantasias ou criaram as luzes que brilhavam nelas. 

 “Para mim, cosplay é arte, deixar a referência perfeita. É uma das formas pelas quais eu me expresso”, afirmou Ana Luiz Belico, 32, produtora de conteúdo e artista plástica mais conhecida por Kiki. 

Uma das juradas do evento, Kiki estava vestida de kagome, personagem do anime Inu-ysha. O tecido vermelho da bata, por exemplo, veio da China, comprado pela internet.  

Marina Silva
Evento lotou praça do Shopping Paralela e contou com performances (Foto: Marina Silva) 

Criatividade local (e autoral) faz parte da cultura cosplay

Nem só de animações japonesas famosas vive a arte do cosplay. O animador de festas e artista visual Everton Neves, 36, por exemplo, era a cabeça por trás da fantasia dele e de Gilmar Neves, 23. Os dois trajavam fantasias do chamado universo The Glow, com heróis, galáxias e lutas. As roupas brilhavam ao toque de interruptores improvisados.

“A revista desse universo vai ser publicada já já. Eu estou vestido de Capitão Ralgage e ele de soldado Ivictan”, apresentou Everton.

Os dois, moradores de Fazenda Grande do Retiro, começaram no universo da competição no ano passado. Mas desde crianças são apaixonados por cultura japonesa.

As fantasias também revelavam narrativas ambientadas em Salvador. O veterano do grupo, Elianderson Sidrônio, 42, ostentava tranquilidade em meio ao clima de nervosismo. Ali, ele era o “Poderoso Dinho”, personagem criada por ele como integrante do “Guardiões Salvadores”.

Ele e Elvis Novaes, 32, apresentaram a parte da história em que um herói sem poderes recorre ao Poderoso Dinho. Isso porque a namorada do sem poderes tinha sido sequestrada por uma gangue de Paripe – a gangue do Cinquentinha – e só Poderoso Dinho poderia salvá-los. Afinal, na trama criada por Elianderson, quem chega a sete metros de distância do protagonista garante a sorte. 

No palco, o poder do todo poderoso não vingou, mas Giovana e Gabriela vão repetir a receita do último domingo para tentar chegar ao Japão. Os números estão a favor delas: o Brasil é um dos países a se consagrar campeão mais vezes no WCS, com três títulos mundiais desde a estreia do concurso, em 2006.

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