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Conheça quem é o baiano que vai ocupar a cadeira de liderança da indústria nacional

Quase sete décadas depois, um baiano voltará a presidir a Confederação Nacional da Indústria (CNI), entidade máxima de um dos principais setores econômicos do país. Caberá ao empresário Ricardo Alban, há 14 anos à frente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), a missão de representar e defender os interesses de todos os industriais brasileiros.

Antes de Alban, que tomará posse na CNI em 31 de outubro, o empresário e deputado federal Augusto Viana foi o primeiro baiano a assumir a entidade nacional, de 1954 a 1956. Sob a liderança do presidente da FIEB, a instituição baiana ampliou sua atuação, expandindo suas atividades para o interior do estado.

O incentivo à inovação e ao desenvolvimento das energias renováveis é outro legado de sua gestão. Nesta entrevista ao CORREIO, Ricardo Alban comenta acerca dos principais desafios da indústria baiana e projeta a sua atuação na liderança da CNI:

Sob a sua liderança, a FIEB ampliou sua atuação e expandiu as atividades para o interior do estado. Quais outros pontos da sua gestão o senhor destaca e qual legado fica para o seu sucessor?

No esforço para nos aproximarmos mais do empresariado do interior da Bahia, investimos na construção de Unidades Integradas nas principais cidades do interior, levando a expertise de inovação do SESI, SENAI, IEL e CIEB.

Esse movimento de interiorização das atividades da FIEB levou serviços de educação, qualificação profissional, desenvolvimento empresarial e de carreiras, contribuindo, assim, para o desenvolvimento sustentável em várias regiões do interior do Estado.

Também buscamos dar suporte ao pequeno e médio empresário industrial, apoiando em questões ambientais, regulatórias e de crédito.  
 
Outro aspecto que podemos destacar é o incentivo à implementação da indústria 4.0, começando pela transformação digital dos processos e produtos de dentro para fora. O Cimatec Park, inaugurado em 2019, é um exemplo. Esse hub tecnológico abriga, dentre outros, o principal complexo de inovação da Ford: o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia do Brasil.

O investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, por meio de unidades como o SENAI Cimatec e o Cimatec Park contribuíram para criar, aqui na Bahia, um hub para essa nova indústria, baseada em inovação, Pesquisa & Desenvolvimento e energia limpa.

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Indústria 4.0, Reforma Tributária, entraves logísticos, enfim, quais são os maiores desafios para o setor na Bahia, nos próximos anos?

Temos desafios enormes em duas frentes. No campo estrutural, que envolve um esforço nacional no sentido de realizar reformas que destravem as atuais barreiras ao investimento produtivo, a exemplo das reformas tributária e administrativa, que possibilitam um ajuste fiscal sustentado e de liberação de recursos para investimentos em infraestrutura física e social.

O outro campo de batalha se dá nas empresas industriais que, após décadas de dificuldades e ininterruptas crises econômicas no Brasil, precisam buscar soluções empresariais e financeiras para investir em inovação e possíveis mudanças de atuação, inserindo-se nas novas vertentes produtivas, a exemplo da Indústria 4.0, da descarbonização da economia e da participação nas cadeias globais de valor, no contexto dos movimentos de nearshoring [estratégias de terceirização de negócios] e friendshoring [busca por países mais amigáveis para fazer negócios].

Como o Brasil perdeu muito tempo sem enfrentar suas fraquezas, caso queiramos escapar da armadilha do baixo crescimento em que estamos presos há décadas, precisaremos avançar nos dois campos simultaneamente. Esperamos que o Congresso Nacional dê um primeiro e decisivo passo aprovando a Reforma Tributária este ano.

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A mineração e as energias renováveis (agora especialmente com o hidrogênio verde) têm sido segmentos de destaque na Bahia. O senhor acredita que estes setores seguirão em alta?

Certamente seguirão em alta e podem até acelerar o crescimento a partir da disponibilidade de infraestruturas vitais, a exemplo da Ferrovia Oeste-Leste e do Porto Sul, que podem impulsionar sobremaneira a extração mineral da Bahia.

No caso das energias renováveis e do hidrogênio verde, nenhum país possui a matriz energética tão limpa e com tanto potencial de crescimento quanto a nossa, de modo que devemos continuar investindo e apostando nessa vertente para disponibilizar ao mundo os excedentes de nossa produção de energia limpa, livre de carbono, a partir dos ventos e do sol.

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A sociedade valoriza, cada vez mais, os aspectos ambiental e social das organizações. Qual tem sido a contribuição da indústria baiana nesse sentido?

As indústrias baianas, atentas às demandas em relação a padrões de sustentabilidade, estão cada vez mais conscientes de que o negócio pode até ser promissor e com probabilidade de lucro, mas o que está sendo decisivo para o mercado de investimento são as boas práticas empresariais que incorporam valores ambientais, sociais e de governança corporativa. 

O direcionamento com foco em ESG (Ambiental, Social e Governança) e no comprometimento das metas atreladas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) refletem, diretamente, em requisitos mercadológicos que se estendem na cadeia de valor, por meio de grandes empresas âncoras, dos principais setores produtivos da Bahia: Químico, Mineração, Papel e Celulose, entre outros, que têm papel muito importante de influenciar fornecedores, normalmente pequenas e médias empresas, no engajamento para adoção de práticas sustentáveis.

A FIEB, por sua vez, cumprindo seu papel de agente indutor de sustentabilidade, atua compartilhando conhecimento e incentivando as indústrias baianas a adotarem os critérios ESG na estratégia empresarial, como fator impulsionador de melhor desempenho operacional, exercício da transparência e do diálogo com as partes interessadas, de maneira a assegurar um ambiente mais favorável aos negócios no nosso estado.

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Em 31 de outubro o senhor tomará posse na presidência da CNI. De que forma a sua atuação à frente da FIEB, em quase uma década, influenciou esse reconhecimento em nível nacional?

A nova diretoria, da qual faço parte, representa a união de todas as federações das indústrias do país, de todas as regiões, em torno de um projeto de revitalização do nosso setor aproveitando este momento único da conjuntura nacional e global.

A CNI vai trabalhar com afinco para dar aos industriais brasileiros o apoio e a expertise que precisam para aproveitar essas novas oportunidades e superar antigos desafios.

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Recentemente, a CNI propôs quatro missões para a retomada do crescimento do setor (descarbonização da economia, transformação digital, saúde e segurança sanitária e defesa e segurança nacional). Estas serão também as bases da sua gestão?

Esses temas são essenciais para a retomada do crescimento do setor. E a nossa missão é representar e defender os interesses de todos os industriais brasileiros, do pequeno ao grande, do Norte ao Sul, da agroindústria à ciber indústria.

Trabalharemos para materializar o apoio à indústria já manifestado pelas lideranças políticas nacionais e regionais. Assim, a indústria brasileira poderá ampliar sua contribuição para o Brasil alcançar novo patamar de desenvolvimento econômico e social. 

Nossa matriz energética limpa, a capacidade brasileira de inovação, nosso pujante mercado interno e a posição do Brasil em defesa da paz e do entendimento em um momento de aumento das tensões globais são forças capazes de dar novo ímpeto à indústria e colocá-la em nova trajetória de crescimento sustentável. Não há grande país no mundo sem uma grande indústria. É isso o que todos nós queremos.

QUEM É

Ricardo Alban é formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal da Bahia, e Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas da Bahia, Alban trabalhou no Citibank no início dos anos 1980 e, desde 1987, é sócio-diretor da Biscoitos Tupy, tradicional fábrica de alimentos baiana fundada por sua família.
Ao longo de sua trajetória profissional, sempre se dedicou a promover a indústria por meio de participação ativa em entidades empresariais e de desenvolvimento regional. Antes de Ricardo Alban, que tomará posse na CNI em 31 de outubro, o empresário e deputado federal Augusto Viana foi o primeiro baiano a assumir a entidade nacional, de 1954 a 1956. Ele é vice-presidente da CNI (gestão 2018/2023); vice-presidente da Associação Nacional da Indústria de Biscoitos; presidente do Sindicato da Indústria do Trigo, Milho, Mandioca, Massas Alimentícias e de Biscoitos do Estado da Bahia; membro do Conselho Nacional do SESI; membro da Associação Nordeste Forte; membro titular do Conselho Diretor do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT); membro do Conselho de Administração da Renova, do Conselho de Administração da Cetrel e do Conselho Consultivo Agro da Unigel desde janeiro de 2023.

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O projeto Indústria Forte é uma realização do jornal Correio com o patrocínio da Acelen e Unipar, apoio institucional da FIEB e apoio da Braskem e Wilson Sons.

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