InícioCorpo de motorista de app assassinado na Pinto Aguiar é sepultado

Corpo de motorista de app assassinado na Pinto Aguiar é sepultado

Vítima de latrocínio no último domingo (14) na Avenida Pinto de Aguiar, em Salvador, o motorista por aplicativo Florisvaldo Rodrigues Filho, 47 anos, foi enterrado nesta quarta-feira (17), no Cemitério Bosque da Paz. Do velório até o sepultamento, não faltou choro e nem palavras de inconformação de amigos e familiares. Ainda sem conseguir processar a partida precoce de Florisvaldo, irmãs, esposa e filhos estavam abalados e mal conseguiam olhar para o corpo do motorista sem cair em lágrimas. 

Ele, que é pai de quatro filhos e trabalhava como instrutor de autoescola, rodava por aplicativo para complementar a renda. Fábia Rodrigues, 49, irmã da vítima, conta que ele passou o Dia dos Pais em casa antes de ser assassinado. “Ele ficou em casa ao longo do dia na companhia dos filhos e da esposa, era um ótimo pai. A gente conversou e ele me falou que precisava sair parar tirar um extra para manter a casa. É tudo muito cruel. Ele morreu no Dia dos Pais tentando levar comida para os filhos”, lamenta ela, sem conseguir segurar o choro.

Fabia lamentou a morte do irmão (Foto: Marina Silva/CORREIO)

Essa não foi a primeira vez que Florisvaldo foi alvo da ação de criminosos. Rosevalda Rodrigues, 60, irmã mais velha dele, diz que ele já havia sofrido algumas tentativas de assalto e chegou a ter um celular roubado. “Ele já teve esse tipo de problemas algumas vezes. Foram várias tentativas de roubo e, em uma, até conseguiram. A gente sempre teve medo, falava com ele para parar. Eu e minha irmã queríamos que ele não fizesse mais essas corridas. Mas Florisvaldo precisava do dinheiro e nunca foi de ficar de braços cruzados em situações assim”, explica Rosevalda.

A esposa de Florisvaldo, ainda abalada com  o que aconteceu, não conversou com a imprensa. Segundo Rosevalda, a dor dela é compartilhada por toda a família, que não se conforma com a forma como ele foi assassinado. “Parte da família morreu domingo junto com ele. Ninguém quer acreditar porque era alguém muito próximo de todos, querido lá no Doron, onde ele morava. Sempre foi uma referência de alegria e amor para a gente. Queremos justiça e que os responsáveis por esse absurdo paguem pelo que fizeram”, diz. 

Procurada para falar sobre o caso de Florisvaldo, a Polícia Cívil da Bahia não informou se algum suspeito foi preso ou se pessoas foram interrogadas. No entanto, afirmou que os detalhes estão sendo apurados e mais informações não podem ser divulgadas “A investigação está em andamento na 1ª DH/Atlântico. Oitivas e diligências estão sendo realizadas, bem como imagens de câmeras de segurança analisadas”, escreve por meio de nota.

Referência familiar
Ao falar do que o motorista representa para a família, todos definiram ele como uma pessoa carismática, que levava alegria para todo lugar onde estava. Sobrinha dele, Iani Sued Rodrigues, 35, afirma que Florisvaldo era conhecido na família como a pessoa que faz sorrir. “Ele era o clássico ‘tiozão’, cheio de piadas e que conseguia sempre nos deixar alegres. E não só em festa, n precisava disso. Qualquer hora, com ele, era divertida. Eu, meus primos e todo mundo que era próximo o via dessa forma. Alguém que tinha a capacidade de nos fazer sorrir e que já faz uma falta imensa para nós”, fala ela, também muito emocionada.

(Foto: Marina Silva/CORREIO)

Rosevalda não morava perto de Florisvaldo. Enquanto o irmão vivia no Doron, ela tem residência em Cajazeiras. Mesmo assim, a relação de parceria e a certeza de que poderia contar com ele para tudo nunca faltaram. “Se eu precisasse de alguma coisa, ele sempre estava lá, assim como eu fazia para ele. Não tinha distância que nos afastasse, ele vivia passando lá em casa e, quando não, a gente falava pelo celular. Se tem uma coisa que todos sabem é do espírito de ajuda que meu irmão tinha, da boa vontade comigo e com todos. É alguém que não merecia morrer assim, ninguém merece”, afirma a pensionista.

Florisvaldo tinha filhos de três meses, três, 15 e 18 anos. Sua irmã, Fábia, fala que ele cumpria todas as funções que tinha com muita responsabilidade e afeto. “Ele era o centro financeiro da família dele, mas também de afetividade. Por isso, deixou o seio familiar para fazer um dinheiro no domingo. Era bom pai, bom filho, bom irmão e um excelente profissional. Mais um trabalhador que vai dessa forma terrível, não aguentamos mais. A pergunta que fica é: quem vai ser o próximo a passar por isso?”, questiona ela. 

Rosevalda diz que irmão era centro financeiro e afetivo da família dele (Foto: Marina Silva/CORREIO)

Motoristas em risco
Em apenas quatro dias de agosto, dois motoristas foram mortos enquanto trabalhavam em Salvador e na Região Metropolitana. De acordo com o levantamento feito pelo Sindicato dos Motoristas por Aplicativo da Bahia (Simactter), os sete latrocínios ocorridos na Bahia nos oito meses do ano foram registrados em Salvador (2), Simões Filho (1), Itapetinga (1), Feira de Santana (2) e Ilhéus (1).

Vick Passos, presidente Cooperativa Mista de Motoristas e Moto-taxistas da Bahia (Coopmmap), afirma que são muitos os casos de profissionais que deixam a atividade por medo da violência. “O motorista por aplicativo está assombrado com a violência em Salvador. […] Centenas de motoristas deixaram de rodar desde a chacina de Mata Escura. O motorista está desistindo cada vez mais da profissão por causa da remuneração e porque não sabe se volta para casa”, relata o presidente.

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