Um artigo científico assinado por cientistas da Universidade Príncipe de Songkla, na Tailândia, identificou que uma médica veterinária provavelmente foi contaminada com Covid-19 por um gato. A informação é da The New York Times. Esse é o primeiro documento que associa a contaminação de humanos por gatos. De acordo com os especialistas, porém, o risco do contágio é baixo.
Segundo o estudo, o animal teria sido contaminado por um de seus dois tutores e passou o vírus à veterinária ao espirrar no rosto dela. De acordo com o sequenciamento genômico feito no gato e nas três pessoas, a versão do vírus identificada foi idêntica. Na época da contaminação, essa versão não era encontrada no restante da população local.
De acordo com os cientistas, é mais provável que o humano passe Covid-19 para um gato, e não o inverso.
“Mas o caso é um lembrete de que as pessoas infectadas com o vírus devem tomar precauções com seus animais de estimação – que veterinários e funcionários de abrigos que possam entrar em contato com animais infectados devem fazer o mesmo”, disse Scott Weese, veterinário de doenças infecciosas na Universidade de Guelph, em Ontário (Canadá).
Pesquisas anteriormente realizadas já mostravam que humanos podiam contaminar seus gatos de estimação, e que os felinos podiam passar o vírus para seus colegas, mas a comprovação de que o vírus podia ser transmitido de gatos para humanos em condições naturais ainda não havia sido comprovada.
Contaminação de Covid por gato na Tailândia
Em agosto do ano passado, um homem e o filho sentiram sintomas de Covid-19 em Bangkok. Devido à falta de leitos hospitalares na cidade, os dois foram transferidos de ambulância a um hospital localizado em Songkhla, numa viagem de 20 horas. Por razões ainda não esclarecidas, o gato dos dois foi junto.
Com seus tutores hospitalizados, o animal foi levado a um hospital veterinário. Embora com aparência saudável, a veterinária, de 32 anos, coletou amostras nasais e anais do felino, comprovando que ele estava com Covid-19.
Durante o exame, o gato acabou espirrando no rosto da médica. Poucos dias depois, ela também começou a apresentar sintomas da doença como tosse e febre, tendo o diagnóstico confirmado após exames.
O teste de PCR realizado no gato mostrou que ele tinha uma alta carga viral no momento do exame.
Nenhum dos contatos próximos à veterinária teve Covid-19 no período, e ela também não teve contato com os tutores do gato, o que sustenta a tese que ela foi contaminada pelo animal.
A tese ganhou força após o sequenciamento genético, que mostrou que os quatro haviam sido infectados com uma versão da variante Delta que não tinha muita circulação na cidade na época do registro.