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CPI das Apostas deixa polarização de lado e terá ao menos oito ‘deputados cartolas’ entre seus membros

Colegiado vai investigar, no prazo de 120 dias, esquema de manipulação de jogos de futebol e terá nomes como Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, entre os titulares

Renato Araújo/Câmara dos Deputados

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar o esquema de manipulação de jogos de futebol, mais conhecida como CPI das Apostas, terá ao menos oito cartolas, além de um ex-jogador e atual presidentes de clubes, entre seus os membros titulares e suplentes. O número, no entanto, pode aumentar, já que ainda restam três vagas entre os titulares e 11 dos suplentes para serem preenchidas. O colegiado foi instalado na última semana e teve a primeira sessão marcada pela eleição do deputado federal Julio Arcoverde (PP-PI) para a presidência do colegiado. Atual presidente do Conselho Deliberativo do River do Piauí, ele também comandou o clube em 2015. Também foi eleito o deputado André Figueiredo (PDT-CE), que já presidiu o conselho deliberativo do Ceará Sporting Club, para a função de primeiro vice-presidente. Além dos membros da mesa, a comissão temporária também será composta por outros deputados muito ligados aos esportes, especialmente ao futebol.

Entre os titulares, o grupo parlamentar terá nomes como Augusto Coutinho (Republicanos-PE), ex-presidente do conselho deliberativo do Santa Cruz Futebol Clube, de Recife, e José Rocha (União Brasil-BA), ex-presidente do Esporte Clube Vitória. O grupo de titulares também contará com Luciano Azevedo (PSD-RS), que é ex-presidente do Sport Clube Gaúcho, e Paulinho Freire, ex-presidente do América de Natal. Já no time dos suplentes, o destaque fica para a presença do deputado federal Eduardo Bandeira de Mello (PSB). Sócio proprietário do Flamengo desde 1978, ele assumiu a presidência do clube carioca em dois mandatos consecutivos, de 2013 a 2018, sendo considerada uma gestão exemplar para o futebol brasileiro. Outro suplente com experiência é o ex-jogador Afonso Hamm (PP-RS), além de Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA), atual presidente da Associação Desportiva Jequié, que disputa a segunda divisão do Campeonato Baiano.

Outros nomes ligados aos esportes incluem do deputado federal Maurício do Volêi (PL-MG), campeão olímpico pela seleção brasileira, e do deputado Delegado da Cunha (PP-SP), campeão brasileiro de judô, além de torcedores e conselheiros de clubes, como o deputado federal Danilo Forte (União-CE), que levantou a hipótese que o Vozão, em alusão ao Ceará, tenha sido prejudicado no ano passado, durante disputa na Série A do Brasileirão, pela manipulação de resultados, uma vez que dois atletas do time estão entre os jogadores supostamente envolvidos no esquema das apostas. “Constatada a veracidade dos fatos que estão sobre arguição, sobre inquisição, que nós poderemos fazer a partir dessa CPI, pode trazer a transparência e pode dar não sentimento de revanchismo, mas de tranquilidade. O que a gente pode a partir daí evoluir para ter uma legislação mais punitiva, e que seja mais assertiva na valorização do futebol brasileiro”, disse o deputado cearense.

Conheça os ‘deputados cartolas’ membros da CPI das Apostas:

Julio Arcoverde (PP-PI): Presidente do Conselho Deliberativo do River do Piauí André Figueiredo (PDT-CE): Ex-presidente do Conselho Deliberativo do Ceará Augusto Coutinho (Republicanos-PE): Ex-presidente do Conselho Deliberativo do Santa Cruz José Rocha (União Brasil-BA): Ex-presidente do Esporte Clube Vitória Luciano Azevedo (PSD-RS): Ex-presidente do Sport Clube Gaúcho Paulinho Freire (União-RN): Ex-presidente do América de Natal Eduardo Bandeira de Mello (PSB-RJ): Ex-presidente do Flamengo Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA): Presidente da Associação Desportiva Jequié Afonso Hamm (PP-RS): Ex-jogador de futebol pelo Grêmio Bagé e pelo Brasil de Pelotas Entenda o escândalo das apostas A instalação da CPI das Apostas ocorre após o avanço da Operação Penalidade Máxima, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás. A ação, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-GO, investiga a manipulação de resultados em 13 partidas de futebol: 8 do Campeonato Brasileiro da Série A de 2022, 1 da Série B de 2022 e 4 de campeonatos estaduais realizados em 2023. Os casos envolvem apostas por lances específicos, como cartões amarelos e vermelhos, além de pênaltis. De acordo com o inquérito, o esquema funcionava da seguinte forma: os apostadores combinavam com jogadores ações em campo para faturar com palpites em sites especializados. Em um dos casos, um dos investigados combinava com um jogador para que este cometesse uma falta e tomasse um cartão amarelo, enquanto a quadrilha apostava altos valores que a ação aconteceria. Com a concretização do evento combinado, o apostador multiplicava o dinheiro aplicado e repassava parte dos lucros para os atletas.

Como o site da Jovem Pan mostrou, até o momento, Santos, Fluminense, Cruzeiro e América-MG, entre outros, já afastaram jogadores suspeitos de participar do esquema de manipulação de jogos, enquanto outros clubes optaram por demitir ou suspender os contratos de jogadores suspeitos de participação. São eles: Bryan García e Pedrinho, do Athletico-PR; Alef Manga, do Coritiba; Eduardo Bauermann, dos Santos; Paulo Miranda, do Náutico; Joseph, do Tombense; Gabriel Tota, do Juventude; e Nino Paraíba, do América-MG. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu que os jogadores condenados no esquema de apostas poderão sofrer punições duras na esfera esportiva. O órgão projeta suspensão de até dois anos, multa de R$ 100 mil e até o banimento nas competições esportivas. O caso da manipulação dos resultados também é investigado pela Polícia Federal.

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