A relação entre Vitória e Dankler teve momentos de altos e baixos. O zagueiro foi revelado pelo rubro-negro e tinha status de promissor, mas acabou deixando o clube pela porta dos fundos. Quase dez anos depois, ele está de volta à Toca do Leão, com contrato até dezembro de 2023. Dessa vez, espera escrever uma história com final feliz.
O jogador de 30 anos foi apresentado pelo Vitória nesta terça-feira (27). Dankler explicou os motivos pelo qual optou pelo retorno – incluindo a própria saída conturbada como um dos fatores importantes para a decisão.
“O que me motiva é a história, a ligação que tenho com o clube, desde a infância. Grande parte da minha família torce para o Vitória. Obviamente, poder trilhar os meus caminhos no clube, ao qual eu sou grato a Deus. Foi o time que me revelou, que me deu oportunidade de construir minha carreira. Essa gana de voltar, de poder ajudar o clube e colocá-lo no lugar que jamais deveria ter saído, que é a Primeira Divisão”, disse.
“Mas também muito pela minha saída, a forma como foi, a qual não tive a oportunidade de me expressar e trazer a verdade de toda a história”, completou.
Revelado nas divisões de base do Vitória, Dankler foi promovido para o profissional no fim de 2011. Em 2012, defendeu o time no Campeonato Baiano, além de cinco jogos da Série B. Suas boas atuações despertaram o interesse internacional, incluindo do Sporting, de Portugal. Mas o rubro-negro não quis negociar o atleta – que, por sua vez, não acertou a renovação.
Assim, o zagueiro foi afastado do elenco. Esperou até o fim do contrato com o Vitória, em julho do ano seguinte, para assinar compromisso com outro time. Agora de volta à Toca do Leão, o jogador deu sua versão da história.
“Nós fomos para uma competição na Alemanha. Quando voltamos, eu tive três propostas: do Bayer Leverkusen (Alemanha), do Sporting (Portugal) e do Real Sociedad (Espanha). Na época, o Vitória disse que não iria me liberar, que iria renovar o contrato. O tempo passou, e começamos a tratar da renovação. Com isso, despertou o interesse de mais três clubes do futebol brasileiro: Botafogo, Corinthians e Grêmio”, disse o jogador.
“Acontece que não conseguimos chegar a um comum acordo nos valores, diante das propostas que eu tinha dos outros clubes. Só que o diretor do profissional que estava aqui na época não acreditou que eu tinha essas propostas e dificultou a questão dos valores. Na época, para eu renovar aqui, eu abri mão de R$ 30 mil do valor que iria receber lá, para poder permanecer aqui. Então fiz uma proposta de R$ 30 mil a menos do que eu receberia fora. Mas o retorno que tive foi que minha contraproposta não seria aceita”, completou.
Neste cenário, surgiu o Botafogo. A ida só foi anunciada oficialmente em julho de 2013, quando acabou o contrato com o Vitória. Dankler falou sobre a opção de acertar com o Glorioso, clube que defendeu por duas temporadas.
“Meu empresário da época morava no Rio. Então, quando eu fiz a escolha de não renovar com o Vitória, foi muito por ele estar lá. Também pelo Botafogo que, na época, estava em ascensão, tinha o Seedorf, enfim. Quando chegou o pré-contrato com o Botafogo, eu liguei para o Vitória mais uma vez e falei que, se não chegássemos a um comum acordo, eu teria que assinar. Tive outra negativa do diretor. Então, assinei o pré-contrato. No outro dia, saiu a matéria que tinha assinado. Só aí o clube quis dar o valor. Só que o pré-contrato tinha o valor de uma multa muito alta, que eu não iria pagar. Aí o Vitória me afastou, me colocou para treinar em horários diferentes, passei um ano sem jogar”, falou.
“Eu esperei um ano treinando em horários diferentes. Não tinha um treinador para me dar treino. Eu chegava aqui só para assinar uma lista de presença e voltava. Me largaram de mão”, seguiu.
Dankler também negou que tenha acionado o Vitória na Justiça. “Eu nunca fiz isso. Eu poderia, porque me deixaram quatro, cinco meses sem salário. Mas não fiz isso pelo carinho e amor que tinha pelo clube. Na época que saí, não me deram oportunidade de me expressar. Então eu me calei. Ainda disseram que eu saí colocando o Vitória na Justiça. Hoje, fico com minha consciência tranquila. Essa é a história real. Eu fiz de tudo, abri mão de valores para ficar aqui. Eu queria estar aqui”.
Depois de deixar o Botafogo, o zagueiro defendeu o Joinville, em 2015. Em seguida, passou por quatro países e atuou por seis clubes: Estoril e Vitória FC (Portugal); Lens (França); Vissel Kobe e Cerezo Osaka (Japão); e Al-Ahli Jeddah (Arábia Saudita).
“Todos os lugares por onde passei contribuíram para o meu crescimento. Porém, no Japão foi onde realmente evoluí muito em termos técnicos, em termos de experiência. Joguei com Iniesta, Lucas Podolski, David Villa, foi onde eu consegui chegar. O clube [Vissel Kobe] tinha a ambição de ganhar títulos, que não tinha. No ano em que cheguei, ganhamos dois [Supercopa do Japão e Copa do Imperador]. Conquistamos o título que o clube tanto desejava. Foi um local onde evoluí. Foi um dos melhores momentos de minha carreira. Depois de minha passagem pelo Japão, o meu crescimento foi absurdo. Graças a Deus, consegui manter isso na Arábia Saudita. Espero dar essa continuidade em tudo o que sempre fiz na minha carreira aqui no Vitória também”, afirmou.
A estreia do Vitória em 2023 está marcada para o dia 5 de janeiro, contra o Cordino-MA, pela Pré-Copa do Nordeste. Para atuar nesta partida, Dankler precisa ter seu nome publicado no BID ainda em 2022. Se o registro ficar para o ano que vem, o zagueiro só poderá entrar em campo a partir do dia 11 de janeiro, quando abre a janela de transferências da próxima temporada.