Pequim — A ex-presidente Dilma Rousseff assumiu nesta terça-feira (28/3), na China, a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, o NDB (New Development Bank), na sigla em inglês.
O chamado “Banco dos Brics”, bloco de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, financia projetos de infraestrutura nos países integrantes. A presidência da instituição é rotativa e está com Brasil desde 2020. O mandato vai até 2025.
A cadeira que Dilma agora assume estava com o diplomata Marcos Troyjo, indicado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). Após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em uma operação coordenada por Brasília, Troyjo abriu mão do posto para que o novo governo pudesse designar a ex-presidente. O diplomata havia sido secretário do Ministério da Economia de Paulo Guedes.
Dilma receberá um salário mensal de US$ 50 mil, o equivalente a R$ 258 mil. Inicialmente, ela resistiu à ideia de assumir o cargo pela necessidade de se mudar para a China e, assim, ter que ficar longe da família. Depois, porém, aceitou.
A ex-presidente do Brasil, que deixou o cargo em 2016 após um processo de impeachment, desembarcou em Xangai e foi recebida ainda nesta terça por executivos e funcionários do banco.
“Calorosas boas-vindas à nossa nova presidente”, dizia um painel na parece do hall da sede do banco, ilustrado com uma foto de Dilma sorridente.
Veja:
H.E. Mrs. Dilma Rousseff, the NDB newly elected President, has started her first day in office in the NDB Headquarters in Shanghai, China. pic.twitter.com/JOLblXhhzQ
— New Development Bank (@NDB_int) March 28, 2023
A missão de DilmaInterlocutores do governo dizem que Dilma recebeu de Lula a missão de fazer o banco “funcionar melhor”. O NDB é uma instituição relativamente nova, fundada em 2014, com capital inicial de US$ 100 bilhões.
Nos primeiros anos de funcionamento, o banco financiou mais de 80 projetos em seus países-membros. Além dos integrantes dos Brics, o NDB tem como sócios os governos dos Emirados Árabes Unidos, do Uruguai e de Bangladesh, que se associaram mais recentemente.
O plano inicial era que Lula participasse da posse de Dilma nesta semana. A partir de Pequim, onde se reuniria nesta terça com Xi Jinping, o presidente chinês, ele seguiria para Xangai, onde está a sede mundial do banco — a instituição também tem escritório em São Paulo. A viagem do presidente à China, porém, foi cancelada por recomendação médica após ele ser diagnosticado com pneumonia.
Com o cancelamento da participação de Lula, Dilma optou por não fazer uma posse solene. Ela pretende aguardar a remarcação da visita do presidente brasileiro para, só então, realizar a cerimônia. A viagem deverá ocorrer a partir de maio. O governo brasileiro aguarda Pequim dizer quando Xi Jinping poderá receber Lula para, só então, reorganizar a missão.